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quinta-feira, setembro 20, 2007

Perguntas frequentes sobre o Conservadorismo - 2

2) Tradição e Mudança


2.1) A sociedade sempre muda, para melhor em alguns aspectos e para pior em outros. Por que não aceitar a mudança, especialmente quando tudo é tão complicado e difícil de compreender?

As mudanças sempre envolvem resistência bem como aceitação. Aquelas que tiverem que enfrentar oposição serão melhores do que aquelas que foram aceitas sem questionamento sério.

Adicionalmente, o conservadorismo não é a rejeição de toda a mudança como tal, mas apenas de mudanças intencionais do tipo abrangente, características do período que começou na Revolução Francêsa e foi guiada pelas filosofias do Iluminismo e do pós-Iluminismo, tais como o Liberalismo e Marxismo. É o reconhecimento de que o mundo não é criação nossa e de que há coisas permanentes que devemos simplesmente aceitar.

Por exemplo, a família é uma instituição que mudou de tempos em tempos em conjunção com outras mudanças sociais. Contudo, a exigência atual dos esquerdistas/liberais de que toda estrutura institucional familiar seja abolida como violação da autonomia individual (tipicamente articulada em expressões como eliminação dos papéis de gênero sexual e heterossexismo e proteção dos direitos da criança) é diferente de tudo que já ocorreu no passado, e os conservadores acreditam que isso deve ser combatido.


2.2) O Conservadorismo não é simplesmente um outro jeito de dizer que as pessoas que possuem riqueza e poder devem continuar a possuí-los?

Toda visão política promove a vantagem particular de algumas pessoas. Se as visões políticas têm de ser tratadas como racionalizações para os interesses de elites futuras ou existentes, então o mesmo tratamento deve ser aplicado igualmente à todas as outras visões também. Por outro lado, se é para levar à sério os argumentos que uma determinada visão política propõe para o bem comum, então os argumentos do conservadorismo devem ser avaliados por seus próprios méritos.

É importante notar que o liberalismo contemporâneo avança os interesses das classes sociais mais poderosas que o defendem, e que os movimentos pela justiça social tipicamente se tornam intensamente elitistas pois quanto mais abstrato e abrangente um princípio político, menor será o grupo capaz de compreendê-lo e o aplicá-lo corretamente.


2.3) Se os conservadores continuassem no poder, não teríamos escravidão ainda?

A experiência sugere o contrário. A escravidão desapareceu no Ocidente e na Europa Central há muito tempo atrás sem necessidade de tentativas de reconstrução social. Ela durou muito mais nas sociedades fundadas pelos europeus nas Américas, que eram sociedades novas e menos conservadoras.

Ao mesmo tempo, o conservadorismo como tal não garante que não haja opressão, mas nem tampouco as tentativas de pensamento racional autônomo o garantem. Foi em regimes radicais, e não nos regimes conservadores, que o trabalho forçado brutal e outras formas de opressão hedionda voltaram a acontecer em tempos recentes. Isso não é nenhum paradoxo. O radicalismo, bem mais do que o conservadorismo, é compatível com as instituições tirânicas pois ao supervalorizar o papel da teoria na política o radicalismo destrói a acomodação mútua e recíproca entre governantes e governados.

Adicionalmente, o conservadorismo não é fechado; seu reconhecimento da prática existente como um padrão não significa negação de que haja outros padrões. Ele reconhece que hábitos morais evoluem com a experiência e a mudança de circunstâncias, que os arranjos sociais que entram em conflito com os sentimentos morais de um povo ou mudam, ou desaparecem, e que há padrões transcedentes bem como aqueles que existem como parte das instituições de um povo em particular. O conservadorismo reconhece que pode haver melhorias bem como pioras.

O conservadorismo não surgiu de um desejo de congelar tudo exatamente do jeito que era num momento, mas surgiu do reconhecimento da necessidade de continuidade, da dificuldade em forçar a sociedade a um padrão pré-concebido, e da importância de coisas como a obrigação pessoal mútua e os padrões de certo e errado que não são redutíveis ao poder e ao desejo, que são problemas das ideologias de esquerda. Essas constatações tornam os conservadores mais confiáveis na oposição à tirania do que os progressistas.



Traduzido do Conservatism FAQ.

Ver também Perguntas frequentes sobre o Conservadorismo - Parte 1

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postado por Fernando às      

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