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Qualquer que sejam suas histórias individuais, coletivamente essas pessoas formam um estrato social reconhecível - uma intelligentsia inconformada e de bastante baixo nível... e o que se seguia a elas foi a formação de um grupo de um tipo peculiar, um verdadeiro protótipo do partido totalitário moderno." "Um grupo incansavelmente dinâmico e totalmente implacável que, obcecado pela fantasia apocalíptica e cheio de convicção sobre sua própria infalibilidade, se coloca acima do resto da humanidade e não reconhece nenhum outro valor que não seja a sua própria missão... Uma promessa milenar desmedida feita com convicção desmedida similar à de um profeta para um número de homens erráticos e desesperados no meio de uma sociedade onde as normas e relacionamentos tradicionais estão se desintegrando - aqui, como parece, está a fonte daquele fanatismo subterrâneo peculiar." Como disse Olavo de Carvalho, se referindo aos ícones revolucionários Che Guevara e Bin Laden, "[ambos] acreditam-se tão profundamente, tão essencialmente identificados a uma causa superiormente justa e nobre, que mesmo seus pecados mais flagrantes e seus crimes mais hediondos lhes parecem resgatados, de antemão, pela unção incondicional de uma divindade legitimadora. Pouco importa que essa divindade seja, num deles, só informalmente teológica (a História, o Progresso, a Revolução), e só no outro expressamente teológica. Em ambos os casos há o apelo a uma fonte suprema da autoridade, que consagra o mal como bem." Joaquim de Flora Lendo as profecias da Bíblia, concentrando-se no Livro da Revelação, Joaquim chegou à conclusão de que a história estava destinada a passar por 3 estágios sucessivos. O primeiro estágio foi a era do Velho Testamento, a era do Pai (na Santíssima Trindade), a idade da Lei que seria governada pelo temor. O segundo estágio seria iniciado por Jesus, a era do Filho, do Novo Testamento, a era Cristã, a idade da Fé e Submissão. Então, inevitavelmente, chegaríamos à terceira etapa: a era do Espírito Santo, que seria quando a "confusão" começaria, por assim dizer. Seria uma era de alegria e liberdade perfeitas e o fim da história humana. Essa era de perfeição, segundo Joaquim de Flora, seria o fim da propriedade privada, onde ninguém possuiria nada e ninguém trabalharia porque todos seriam espíritos puros e sem corpo. "A Era do Espírito será o sabbath ou período de descanso para a humanidade. Nela não haverá riqueza e nem sequer propriedade, pois todos viverão em pobreza voluntária; não haverá trabalho, pois seres humanos possuirão apenas corpos espirituais e não precisarão de alimento; não haverá autoridade institucional de nenhum tipo. ... O mundo vai se tornar um único e vasto monastério onde os homens serão monges comtemplativos envolvidos continuamente em êxtase místico até o dia do Juízo Final." Como muitos tipos messiânicos, Joaquim estava certo de que essa era chegaria em breve, mas não muito breve: cerca de 1260. Essa era seria inaugurada por uma vanguarda. Quando a Ordem Franciscana começou por volta de 1213, os franciscanos mais rigorosos, que eram anti-propriedade, se consideravam Joaquimitas. No entanto, os Joaquimitas foram muito além do que o abade pregara. Eles chegaram a abolir a Bíblia e adotar os 3 livros de Joaquim como "evangelho eterno", considerando-o superior ao evangelho do Cristo, já que a era do Espírito chegaria em breve. Na mesma época, na Universidade de Paris, que era um grande centro de estudos teológicos, um professor de teologia e favorito da corte francesa, Amaury (Amalric) de Bena, se inspirou no Joaquimismo e ganhou adeptos para suas idéias mas sua doutrina foi condenada pelo papa. Ele foi forçado a renegar sua doutrina, morrendo logo em seguida, enquanto os Amaurianos foram perseguidos até a extinção do movimento. A tese de Amaury era a de que todos os cristãos seriam "membros de Cristo" e teriam sofrido com Ele na cruz. Os Amaurianos acreditavam que tudo era permitido porque Deus teria criado tudo, incluindo o bem e o mal, e que se Deus estava em todas as pessoas (panteísmo), eles podiam se comportar como bem quisessem (antinomismo). Pierre, o Pródigo, uma vez comentou sobre os estudantes contemporâneos de Amaury: "No comer e no beber eles não têm igual. Eles são devoradores à mesa, mas não se devotam à Missa. No trabalho, eles bocejavam; e num banquete eles não temiam a ninguém. Eles abominavam a meditação sobre os livros sagrados, mas amavam ver o vinho cintilar em seus copos e o engoliam intrepidamente." Cada era, conforme explicada pelos Amaurianos, tinha uma encarnação de Deus: a do Pai teria como encarnação Abraão, a era do Filho teria como encarnação Jesus. E quem seria a encarnação de Deus na terceira era? Obviamente, os próprios Amaurianos! Isso acontece com todas as doutrinas de "terceira era": seus adeptos ocupam o papel de Messias em seus próprios olhos, aqueles que vão dar cumprimento à história humana. Os Amaurianos se proclamavam Deuses Vivos, os Eleitos, a concretização do Espírito Santo. Segundo sua crença todos se tornariam Espírito Santo eventualmente. Detalhe da pintura "Jardim das Delícias Terrenas" de Hieronymous Bosch, sobre o qual se especula que tenha sido simpatizante da seita Irmandade do Livre Espírito. Estes se tornariam Deus Vivo no tempo de sua existência terrena. Essa liderança alcançaria a divindade através de anos de treinamento, com tortura auto-imposta, visões, etc. Eles se diziam mais perfeitos e mais divinos que o próprio Cristo porque estariam na terceira era e proclamavam autoridade sobre a Trindade. "Deus criou todas as coisas e eu criei todas as coisas com Ele." E se eles eram como Deus, seria impossível para eles pecar. Por definição, qualquer coisa que eles fizessem não poderia ser pecado, incluindo roubo, estupro, incesto e assassinato. Também se aplica aí o que Olavo de Carvalho disse à respeito dos revolucionários modernos, "... identificaram-se de tal modo com o que lhes parece o bem, que mesmo o mal que praticam se transfigura, a seus olhos, automaticamente em bem. Atingiram, enfim, a seus próprios olhos, o estágio divino da impecância essencial. Daí que, neles, a total falta de escrúpulos e a prática costumeira da violência criminosa coexistam sem maiores problemas com uma fé perfeitamente sincera na própria bondade, santidade até ..." Segundo Nicolas de Basel, só haveria um único pecado: desobedecer Nicolas de Basel. Ele liderava seu próprio movimento de Espírito Livre, os Beghards, que praticavam a nudez durante as missas. Cada discípulo devia obediência absoluta à Nicolas de Basel, e qualquer desvio recebia punição sumária. Como era impossível eles pecarem, eles podiam fazer qualquer coisa, incluindo roubar a propriedade alheia, afinal, eles eram os eleitos. O bispo de Strasburg resumiu dizendo "eles acreditavam que tudo era em comum, portanto o roubo era legal para eles." Johann Hartman, um abade do Espírito Livre em Erfurt, Alemanha, dizia "o verdadeiro homem livre é soberano e senhor de todas as criaturas, portanto tudo pertence à ele e ele tem o direito de usar tudo como lhe convém. Se alguém se opor, ele tem o direito de matá-lo e tomar seus bens." Outro provérbio favorito da Irmandade do Espírito Livre era "qualquer coisa que os olhos vejam e cobicem, seja tomada pelas mãos." Que grande teoria moral! Um dos primeiros grupos comunistas foram os Adamitas da Bohemia, nos séculos II, III e IV, e mais tarde revivido pelos Neo-Adamitas nos séculos XV e XVIII. Nesse movimento os bens eram propriedade coletiva e qualquer homem podia escolher a mulher que desejasse e ela teria que obedecer - o casamento era "pecado". Cada um desses grupos deu sua própria contribuição ao movimento revolucionário e a dos Adamitas foi a de que eles andavam nus na maior parte do tempo - a nudez santificada, onde eles alegavam recuperar a inocência primordial de Adão e Eva. A promiscuidade era obrigatória e decidida pelo líder Adamita. O movimento Adamita foi o primeiro a adotar a foice como símbolo. Eles se consideravam a foice divina que ceifaria as vidas dos não-Adamitas. No início do século XV, aparece o ingrediente final de tudo isso com o movimento dos Taboritas, um grupo que é considerado pré-protestante e que viveu na cidade de Tabor no norte da Bohemia durante as guerras hussitas (mesma região da República Tcheca contemporânea). Esse movimento trouxe o conflito de classes entre Tchecos e Alemães, não-católicos e católicos e patrícios e plebeus. Os Taboritas acreditavam no dever divino de acabar com o pecado exterminando todos os hereges e pecadores, isto é, todos os não-Taboritas. "Todo crente deve lavar suas mãos no sangue dos inimigos do Cristo." Os Taboritas não apenas perseguiam os não-Taboritas como também queimavam livros, imagens, pinturas e bibliotecas. Com a chegada do reino de Deus na Terra, não haveria necessidade de ensino. Os Taboritas também pregavam o retorno à uma "idade perdida" do comunismo, isto é, a crença de que em algum ponto da história não houvera propriedade privada e tudo era perfeito. Obviamente, para os Taboritas era necessário exterminar os centros urbanos, que seriam centros de pecado, avareza, luxúria e cobiça, assassinando os senhorios e as demais pessoas. E assim que os Taboritas implantassem seu reino comunista na Bohemia, eles o espalhariam para o resto do mundo. "Quem quer que possua propriedade privada comete pecado mortal." Uma das características do movimento comunista em geral, e que ficou retratado nos Taboritas, é o "comunismo das mulheres". Os padres/pastores Taboritas pregavam que todo corpo, incluindo o das mulheres Taboritas, seria propriedade comum - não haveria casamento e nem esposas - todas as mulheres seriam possuídas em comum. Se um marido e uma mulher fossem vistos juntos, eles seriam espancados ou executados de várias formas. Eles tinham um armazém central de onde todos podiam consumir o que precisassem. Ao mesmo tempo, os Taboritas eram isentos de trabalhar, pois se diziam divinos. O resultado foi que poucos trabalhavam, todos pegavam os alimentos do armazém central e não sobrava nada - um típico problema do comunismo. Então eles passaram a roubar e exterminar todo mundo em volta de Tabor, embora houvessem Taboritas moderados que foram contra essa prática de viver do trabalho alheio. O experimento entrou em colapso, mas continuou de forma intermitente à medida que a idéia foi adotada por outros grupos. Com a Reforma Protestante, mais desses grupos surgiram. Um deles, os Anabatistas (não confundir com os Batistas suiços Menonitas) ficaram notórios e muito se poderia relatar sobre eles. O grupo de anabatistas liderado por Thomas Müntzer foram os primeiros anabatistas comunistas. Müntzer começou como padre e se tornou luterano. Lutero o recomendou para um dos maiores pastorados em Zwickau na Saxônia em 1520, e em breve se arrependeria. Müntzer então encontrou Nicholas Storch, que com a antiga doutrina dos Taboritas, o influenciou na direção do radicalismo. Müntzer passou a ir de cidade em cidade - normalmente sendo expulso de cada uma delas - mas conseguiu mais e mais adeptos. Diz-se que uma vez ele foi à Tchecoslováquia e começou a pregar para os tchecos. Infelizmente ele não sabia falar tcheco e eles não sabiam falar alemão. Como se pode imaginar, a pregação foi um fracasso! Com o tempo, Müntzer formou uma organização revolucionária chamada "Liga dos Eleitos" com o objetivo de transferir o poder político da nobreza para as pessoas comuns. Os nobres deveriam abdicar de seus títulos e se juntar aos camponeses - Müntzer os ameaçou dizendo que se não concordassem, todos os duques e príncipes seriam exterminados. Müntzer então se envolveu na guerra dos camponeses em 1524-25. A Liga dos Eleitos tomou a cidade de Muehlhausen e lá implantou um regime comunista onde tudo era tirado das pessoas de acordo com suas habilidades e tudo era dado a elas de acordo com suas necessidades. No auge da guerra dos camponeses, Müntzer liderou 6 mil habitantes de Muehlhausen num ataque à Langensalza, na batalha de Frankenhausen, que foi um fracasso total (5 mil mortos) pois os camponeses estavam praticamente desarmados. No céu havia um arco-íris e isso foi interpretado com sinal divino. Müntzer havia dito aos camponeses que Deus lhe prometera a vitória e que as bolas de canhão seriam detidas com sua capa. Por volta de 1531, um outro experimento comunista foi realizado na cidade de Münster (Müntzer já estava morto mas vários de seus discípulos continuaram a espalhar suas idéias). A cidade foi governada pelo líder religioso Jan Bockelson (João de Leyden) com o auxílio de Bernt Rothmann. Ao contrário dos movimentos anteriores, Bockelson evitou o assassinato das populações vizinhas, preferindo apenas expulsá-los com somente a roupa do corpo durante tempestades de neve, forçando-os a abandonar seu dinheiro e propriedade - prática que foi copiada pelo regime do Pol Pot na Cambodia mais tarde. Católicos, luteranos e pessoas neutras que queriam evitar problemas - mais da metade da população - começaram a fugir da cidade mas, ao mesmo tempo, vários grupos anabatistas sob perseguição feroz conseguiram migrar para Münster pois a consideravam a Nova Jerusalém e suas tentativas de tomada de poder em outros lugares foram mal-sucedidas. Depois de correr nu pelas ruas em frenesi, alegadamente depois de um êxtase espiritual que durou 3 dias, Bockelson se proclamou Rei do Povo de Deus e Governante da Nova Sião. Bockelson confiscou e baniu o uso de dinheiro - todos foram forçados a trabalhar sem salário e receberiam rações concedidas de acordo com a bondade dos governantes. Bockelson usou esse dinheiro confiscado para comprar coisas fora de Münster e viver com sua corte na luxúria. Ao mesmo tempo, a população passou a viver em extrema penúria. Bockelson também inaugurou a grande era da pena de morte, implantando um novo código de leis que prescrevia punição capital para todos os crimes, contravenções, falhas e defeitos de caráter. Desde traição e adultério até queixumes, bate-bocas e ser mal-criado com os pais - tudo isso era punido com pena de morte imediata. Depois Bockelson instituiu a poligamia e adquiriu 15 esposas e Rothmann ficou com 9. Também foi praticado o "comunismo das mulheres" - a promiscuidade compulsória - em Münster. Em 1535, a cidade passava fome e, com uma mal-sucedida investida contra as forças do príncipe e bispo católico Franz von Waldek, que estava sitiando a cidade, o movimento acabou e a população foi exterminada. Houveram grupos comunistas no século XVII, na guerra civil na Inglaterra: dois dos mais notáveis foram os Quinto-Monarquistas e os Diggers. O primeiro foi um movimento religioso quase político proeminente de 1649 a 1661 que quis reformar o parlamento e o governo para a chegada iminente do Reino de Cristo na Terra e o último foi um grupo religioso puritano que defendia a abolição da propriedade privada da terra. Enquanto uma pessoa normal reage ao movimento Bockelsoniano e a Liga dos Eleitos com horror, os historiadores liberais e marxistas adoram os experimentos de Müntzer e Münster pois foram, sem dúvida, comunistas e apoiados pelas camadas mais baixas e marginais da população. (No próprio site Marxists.org há o livro de Karl Kautsky, "Communism in Central Europe in the Time of the Reformation", em que ele defende praticamente todos esses movimentos. Um outro livro do esquerdista Kenneth Rexroth também faz apologia desses movimentos.) Diz Cohn, "Desde Engels até os historiadores comunistas de hoje - russos bem como alemães - os marxistas têm inflado Müntzer em um símbolo gigante, um herói prodigioso na história do conflito de classes." Os comunistas estão certos em tomar o profeta medieval Müntzer como ídolo, mas não do jeito que eles pensam. Os marxistas, como Müntzer, não fazem nada além de explorar o descontentamento social e estão totalmente despreocupados - apesar de suas alegações - com a erradicação de suas causas. De fato, os marxistas necessitam de descontentamento social para continuar ininterruptamente, pois, sem esse descontentamento, não há nada que se possa mostrar a favor de seu comunismo, seu "paraíso terrestre". O comunismo surgiria novamente pouco antes da revolução francesa, um pouco mais secularizado, e houve disputa entre secularistas e pós-milenialistas até 1848. Ambos cristãos-hereges comunistas e ateus comunistas concordam em tudo exceto no trabalho preparatório. Um problema que os ateus comunistas tiveram foi como chegar à uma era de mudanças sociais. Para os pós-milenialistas, Deus traria essa era histórica e seria inevitável: o Messias ou o profeta retorna e inaugura a nova era. Os ateus, não querendo contar com Deus, Messias ou profetas da terceira era, primeiro propuseram que essa era seria trazida com a educação do público, mas Marx queria retratar como algo inevitável e "científico", e encontrou essa alegada inevitabilidade com a alienação e a dialética Hegeliana. Cohn observou que a "busca do milênio" tem a ver tanto com as heresias medievais quanto com o comunismo e o nazismo. "Da mesma forma que nessas obras [marxistas] os profetas de um mundo pregresso são mostrados como homens nascidos séculos antes de seu tempo, é perfeitamente possível demonstrar o oposto moral - que, apesar de todo o uso que fizeram da tecnologia mais moderna, o nazismo e o comunismo foram inspirados por fantasias que são inequivocamente arcaicas. E tal é, de fato, o caso. É possível demonstrar (embora para fazê-lo em detalhe seria necessário outro volume) que as ideologias do comunismo e nazismo, dissimilares que sejam em vários aspectos, ambas devem muito àquele velho conjunto de crenças que constituíram o folclore apocalíptico popular da Europa." Nas palavras de Olavo de Carvalho, "O movimento revolucionário é um fenômeno único e contínuo ao longo do tempo, pelo menos desde o século XV. ... É, desde suas origens, um esforço para tomar o lugar do Cristo anunciado no Apocalipse e substituí-lo por um agente terrestre no papel de salvador da humanidade. ... Tudo o que Karl Marx viria a pensar e dizer - com exceção do pretexto materialista-dialético e das estatísticas que ele falsificou dos célebres Blue Books do parlamento britânico - já estava nas doutrinas dos heresiarcas messiânicos desde o século XIV. Tudo: a luta de classes, a revolução, a socialização dos meios de produção, a ditadura do proletariado, a missão da vanguarda revolucionária. Até as idéias de Lênin e de Gramsci já estão ali claramente antecipadas. John Knox, John Huss, Thomas Münzer e outros "profetas" das origens da modernidade não são apenas precursores do movimento revolucionário mundial: são seus criadores. ... A idéia central da revolução messiânica pode-se resumir em quatro pontos: (I) a humanidade pecadora não será salva por Nosso Senhor Jesus Cristo, mas por ela mesma; (II) o método para alcançar a redenção consiste em matar ou pelo menos subjugar todos os maus, isto é, os ricos; (III) os pobres são inocentes e puros, mas não entendem seu lugar no projeto da salvação e por isso têm de colocar-se sob as ordens de uma elite dirigente, os "santos"; (IV) o morticínio redentor gerará não somente a melhor distribuição das riquezas, mas a eliminação do mal e do pecado, o advento de uma nova humanidade. ... A evolução subseqüente do movimento revolucionário [foi] marcada por uma permanente tensão entre a fé herética e a negação de toda fé, entre o pseudocristianismo e o anticristianismo, entre a ambição de destruir o cristianismo e o desejo de conservar algo dele para poder parasitar a sua autoridade." O matemático russo Igor Shafarevich também reconhece a continuidade histórica do movimento revolucionário. Shafarevich, em seu livro "The Socialist Phenomenon" (1980) , afirmou que o impulso utópico esquerdista é uma renascimento da religião gnóstica, que é enraizada na rebeldia. Esse ímpeto anti-Cristão luta obsessivamente contra o estado normal do mundo, exigindo igualdade material e a erradicação de distinções individuais e de gênero. Shafarevich concluiu que "a morte da humanidade não é apenas o resultado concebível do triunfo do socialismo - ela constitui o objetivo do socialismo." Nesse livro, Shafarevich estudou as manifestações de tendências socialistas em várias civilizações, incluindo o império inca, a Grécia clássica, Mesopotâmia, China antiga e Egito dos faraós. Ele afirmou que o socialismo tem 2 arquétipos: o despotismo da idade antiga (ex.: Suméria, Babilônia e Egito) e as seitas e movimentos milenaristas da Europa medieval, bem como um instinto de morte Freudiano. Dessa combinação, essa ideologia tenta adquirir o prestígio da ciência e da fé no progresso. Artigos de Olavo de Carvalho relacionados à continuidade do movimento revolucionário: Educando para a boiolice Para compreender a revolução mundial O inimigo é um só Existem semelhanças entre Osama Bin Laden e Che Guevara? Artigos de Murray Rothbard sobre a "esquerda religiosa": The Menace of the Religious Left Saint Hillary and the Religious Left Eis uma amostra da profunda desonestidade, patifaria dos esquerdistas: este artigo do site Marxist.com faz uma citação do livro de Norman Cohn. O artigo inteiro é uma difamação aos cristãos medievais para tentar avançar suas idéias comunistas e ao mesmo tempo cita "The Pursuit of the Millennium", um livro que sobretudo mostra que as utopias comunistas são fruto do mesmo fanatismo que o artigo critica. Marcadores: comunismo, cristianismo, Deus, europa, história, idade média, livro, marxismo, olavo de carvalho postado por Fernando às 1:34 AM Tweet |
3 Comentários:
Fernando,
Divulgue esse post no Orkut! Essa é uma das exposições mais claras do movimento revolucionário que eu já vi. Absolutamente maravilhoso.
Oi, obrigado por ter gostado do artigo!
Eu tinha divulgado ele no Orkut na comunidade Olavo de Carvalho, mas não sei se deram tanta atenção.
Abraço!
Muito bom o texto. Parabéns.
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