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Os conservadores defendem decisivamente os mercados livres quando a alternativa é expandir a burocracia para implementar objetivos liberais, um processo que tem o efeito evidente de prejudicar a virtude e a comunidade. Além disso, eles tendem a preferir a auto-organização em vez do controle central porque acreditam que a administração geral da vida social é impossível. Eles reconhecem que o mercado, como a tradição, frequentemente reflete os objetivos infinitamente variados, inconscientes e não articulados e as percepções das pessoas melhor do que qualquer processo burocrático poderia fazer. De todo modo, não é certo que o capitalismo laissez-faire necessariamente prejudique a comunidade moral. "Capitalismo laissez-faire" tem a ver com as limitações do que o governo pode fazer e apenas indiretamente tem a ver com a natureza da sociedade como um todo. Embora as estatísticas sociais sejam apenas uma medida imprecisa do estado da comunidade e da moralidade, é bom notar que na Inglaterra, o crime e as estatísticas de filhos fora do casamento caíram pela metade desde meados de 1850 até o fim do século 19, o auge do capitalismo desimpedido, e que a rejeição do laissez-faire foi de fato acompanhada de uma atomização social crescente. 4.2) Por que os conservadores não se importam com o que acontece com os pobres, os fracos, os desesperados e os párias? Os conservadores se importam sim com o que acontece com essas pessoas. É por isso que eles se opõem aos programas de governo que multiplicam os pobres, os fracos, os desesperados e os párias ao prejudicar e corromper a rede de hábitos e relações sociais que permitem as pessoas conduzirem suas vidas sem depender da burocracia governamental. A comunidade moral declina quando as pessoas confiam no governo para resolverem seus problemas, em vez de confiarem em si mesmas e naqueles que convivem com elas. São os fracos que sofrem mais com o caos moral resultante. Aqueles que pensam que o liberalismo intervencionista significa que os fracos enfrentariam menos problemas devem considerar os efeitos nas mulheres, nas crianças e nos negros norte-americanos com as tendências dos últimos 40 anos. Nesse período ocorreram grandes aumentos dos gastos em programas sociais, bem como aumento do crime, decréscimo da formação educacional, instabilidade familiar e o fim do progresso na redução da pobreza. 4.3) E as pessoas para as quais as redes normais de apoio não funcionam? O governo não deveria fazer algo por elas? A questão fundamental é se o governo deveria mesmo ter responsabilidade última pelo bem estar material dos indivíduos. Os conservadores acreditam que não; dar essa responsabilidade significa despotismo, já que o bem estar material é um resultado de um complexo de coisas que no fim se estendem ao todo da vida, e a responsabilidade sobre cada caso individual requer um controle detalhado do todo. A responsabilidade do governo sobre casos específicos também significa que o que acontece com as pessoas, e portanto os atos de cada um, não é da responsabilidade de ninguém em particular; se há um problema sério, o governo vai cuidar dele. Tal perspectiva destrói os laços sociais e promove um comportamento anti-social. Se o governo faz coisas que enfraquecem a autonomia e os elos morais que sustentam a comunidade - e isso não pode ser feito sem um sistema elaborado de compulsão - ao longo prazo ele vai aumentar o sofrimento e a degradação. Os conservadores, portanto, suspeitam dos programas de bem estar social, especialmente das tentativas de soluções categóricas. Essa suspeição tem limites racionais. Algumas medidas do governo para o bem estar social (clínicas para gestantes e crianças ou sistemas locais de apoio a pessoas merecedoras) podem aumentar o bem estar social mesmo no longo prazo. Contudo, devido à obscuridade da questão, a dificuldade em uma democracia de massa em limitar a expansão dos programas do governo, e o valor da participação abrangente na vida pública, a melhor solução é manter estritamente limitado o envolvimento do governo central e deixar que os indivíduos, as associações e localidades apóiem voluntariamente as instituições e programas que julguem socialmente benéficos. 4.4) E os programas de bem estar da classe média, tais como o seguro social, previdência, isenções de impostos para juros na prestação da casa própria, e assim por diante? Os conservadores mais consistentes querem acabar com todos esses programas. O seguro social e o sistema de previdência são financeiramente inviáveis e socialmente prejudiciais porque levam pessoas que seriam capazes de poupar para sua própria aposentadoria e sustentar seus próprios pais a se escorar no governo. Seria melhor substituir isso pela previdência privada, pelo seguro de saúde pré-pago, pela maior ênfase nas obrigações inter-generacionais dentro das famílias e outros arranjos que evoluiriam se a presença do governo fosse reduzida ou limitada. Outros conservadores distinguem esses benefícios de classe média dos demais programas de bem estar social pelo elemento de reciprocidade; as pessoas obtêm seguro social e de saúde somente se já contribuíram bastante para a sociedade, e no caso da isenção dos juros de compra de imóvel, o benefício consiste apenas no direito de manter para si uma maior parte da própria renda. Ainda outros conservadores tentam detalhar ainda mais as diferenças de outras maneiras. Sob o aspecto prático, a relutância de vários conservadores em mudar esses arranjos é provavelmente motivada em parte pelo poder eleitoral de seus beneficiados. 4.5) Se conservar é uma boa coisa, por que a ecologia não é uma causa dos conservadores? O conservadorismo se preocupa mais com as relações entre os humanos do que aquelas entre os humanos e a natureza, então a ecologia não é uma das questões que o definem. Entretanto, não há nada no conservadorismo intrinsecamente em conflito com as preocupações ecológicas. Alguns conservadores e escolas conservadoras levam tais questões muito seriamente; outras menos. Há, obviamente, razões conservadoras para criticar ou rejeitar aspectos particulares do movimento ambientalista existente, tais como ênfase exagerada em controles centralizados. Traduzido do Conservatism FAQ. Ver também: Perguntas frequentes sobre o Conservadorismo - Parte 1 Perguntas frequentes sobre o Conservadorismo - Parte 2 Perguntas frequentes sobre o Conservadorismo - Parte 3 Marcadores: conservadorismo, debate, sociedade, tradição postado por Fernando às 10:35 PM Tweet |
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