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Eu creio que não existe este resumo. Existe um resumo biográfico, mais ou menos externo, mas um resumo mesmo do que é que é a minha obra, do que eu estou tentando fazer com todos esses cursos e livros, etc, não existe. Eu vou ter que escrever isso aí. Até é uma boa idéia. Eu acho que está na hora de eu fazer isso aí. Eu vou ter que entrar em contato com você depois, através do seu email e lhe dar meu número de telefone para a gente conversar. Talvez eu possa até depois aproveitar alguma coisa desse resumo ou lê-lo aqui neste programa. Eu creio que de algum modo para todos os ouvintes, sobretudo os meus alunos e ex-alunos, seria uma coisa interessante porque justamente eles precisam se mapear no conjunto de todo este material que tenho transmitido a eles. Eu confesso que eu não tenho nenhum talento para exposição sistemática das idéias. Eu vou expondo à medida que as circunstâncias sugerem aquilo, ou em resposta a algum estímulo do momento. Graças a isso, o conjunto do que eu fiz é enormemente fragmentário. Há transcrições de cursos, um monte de artigos e livros publicados ou semi-publicados, e mesmo no que diz respeito aos assuntos, a coisa também é um pouco dispersa. Há várias linhas de investigação que eu comecei, depois abandonei. Há outras que eu apenas sugeri e deixei no ar. Para você ver, as notas de rodapé do livro Jardim das Aflições são uma coletânea de sugestões de temas que têm que ser estudados e que eu mesmo gostaria de poder estudar cada um deles pessoalmente e resolver aqueles problemas levantados ali, mas é humanamente impossível um sujeito só resolver aquilo. Se houvesse universidade no Brasil, aqueles temas todos estariam sendo investigados, mas a universidade no Brasil existe para outra finalidade e ela não tem nada a ver com conhecimento. Então, por mais interessantes, importantes e urgentes que sejam as questões que a gente levanta, elas não vão resultar em absolutamente nada. De qualquer maneira, tentarei fazer esse resumo para você e depois mais tarde vamos lê-lo aqui no programa. Marcelo Pinho dos Santos: "Existe alguma relação entre a formação do estado liberal clássico pós-estado nacional absolutista, seus derivados modernos, suas doutrinas constitucionais e a influência das idéias gnósticas revolucionárias?" Sem dúvida que existe, mas é difícil você encontrar essa relação direta nas teorias e formulações jurídicas. De algum modo, todas as teorias constitucionais modernas apareceram no tempo do iluminismo e o iluminismo é um movimento gnóstico, sobretudo na sua vertente francesa, um pouco menos na inglesa. Mesmo dentro do iluminismo inglês, você vai ver também uma diferenciação muito importante. Há uma linha que começa com John Locke, indo para o Bernard de Mandeville, e daí, mais tarde, no período pós-iluminista, para Jeremy Bentham, Herbert Spencer, Darwin e Thomas Huxley - toda essa linha evolucionista-materialista. E há uma outra linha que começa com o Conde de Shaftesbury, que foi o grande inimigo de Locke, daí pra Francis Hutchinson, para o Bispo Joseph Butler, Thomas Reid (filósofo escocês) e finalmente Adam Smith. E entre essas duas linhas você tem duas figuras indecisas que são (David) Hume e (Edward) Gibbon. Mesmo o iluminismo inglês não pode ser reduzido a um movimento unívoco. Há que considerar que houve um iluminismo alemão, um inglês, um francês e houve o iluminismo americano. As influências gnósticas estão presentes em tudo isso, mas para ver onde é que elas chegam a ser decisivas você terá que estudar caso a caso. Há um livro que eu sugiro, que é o da Gertrude Himmelfarb: "The Roads to Modernity: The British, French, and American Enlightenments" (Submarino / Livraria Cultura). Aí você pode descobrir alguma dica, mas a fonte principal continua sendo a famosa "História das Idéias Políticas" do Eric Voegelin, tudo dele quanto se refira a esse período. O gnosticismo é a essência da modernidade. Ele está tão espalhado no ar que a gente nem percebe mais. O gnosticismo é uma revolta contra a estrutura da realidade e sobretudo, revolta contra Deus, partindo do princípio que o universo seria uma coisa hostil e então só poderia ter sido criado por um deus mau. A partir do momento em que você mete isso na cabeça, há várias reações possíveis, uma delas é você criar uma igreja gnóstica, um culto do deus bom em oposição ao deus mau, isto é, haveria dois criadores de acordo com a linhagem gnóstica original. Existiria um deus puramente espiritual e abaixo dele, um demiurgo maligno que criou o mundo só pra ferrar com a gente. Então, nós teríamos que transcender o deus demiurgo e chegar ao deus puramente espiritual - isso é uma linha possível. A outra linha é exatamente a que foi tomada pelo iluminismo: a de que o mundo tem que ser refeito pela humanidade, de que existe um defeito fundamental na estrutura da realidade e de que o homem tem que tomar a iniciativa de consertar o mundo. Todo o iluminismo, no fim das contas, é isso, em grau maior ou menor. Você vai ter desde o radicalismo e a inversão total, que você vê, por exemplo, no Marquês de Sade, até o iluminismo moderado, como esse da linha de Shafesbury - Hutchinson - Thomas Reid que vai exercer uma grande influência aqui nos Estados Unidos. Nesse livro da Gertrude Himmelfarb, ela destaca que a grande diferença entre o iluminismo francês e o inglês é que na França o conceito predominante era a razão. A razão deveria destronar todas as tradições e reinar soberana construindo um mundo totalmente novo a partir de si mesma. E no iluminismo inglês o conceito dominante era a idéia da virtude, sobretudo a virtude do amor ao próximo, da benevolência, da compaixão, entendidas não no sentido religioso, mas no sentido de direito natural, uma espécie de religião natural, como um atributo natural do homem. Nesse ponto, ele coincide perfeitamente com o Cristianismo, porque São Tomás de Aquino dizia a mesma coisa - o homem tem essa inclinação natural, um instinto social inato - e esse é um conceito muito importante para esses filósofos do iluminismo inglês, menos, é claro, para Locke e de Mandeville, que partiram para uma linha completamente diferente. Para Locke, a mente humana nasce completamente em branco e tudo que se inscreve nela vem pelos cinco sentidos, então a única realidade que existe mesmo seriam os estímulos sensoriais. Para sair daí até um sentimento moral, com o empirismo do Locke, só por experiência. Ora, como você tiraria um sentimento moral da experiência? Só pode ser por tentativa e erro ou por aquilo que lhe causa prazer ou dor, então no fim das contas os conceitos morais são todos resumidos à combinações do prazer e da dor mais ou menos enfeitados pela experiência. Então é evidente que isso é a total destruição da moralidade. Nesse sentido, o Conde de Shaftesbury tinha toda razão quando ele dizia que Locke era ainda mais perigoso que Thomas Hobbes. Thomas Hobbes fez uma teoria do estado tirânico e isso foi muito bandeiroso, muito evidente. Já o Locke foi, politicamente, um sujeito amável e a favor de instituições liberais, então parece bem menos venenoso, mas na verdade, é Locke quem destrói os fundamentos da moralidade. Locke é o verdadeiro pai do que hoje eu chamo de liberalismo. Antes eu também usava liberalismo e conservadorismo num sentido confuso, eu misturava um pouco as duas coisas. Agora decidi tirar a limpo essa terminologia e estou chamando estritamente de liberalismo essas correntes que são baseadas inteiramente nos conceitos de liberdade e propriedade, que seriam as bases da vida social. E como eu demonstrei num artigo publicado recentemente no Diário do Comércio, nem a liberdade, nem a propriedade são princípios. Liberdade e propriedade são arranjos práticos que você faz e, no fim, o que vai ser o fator decisivo mesmo é o mercado. É o mercado que vai determinar os valores morais predominantes - o que o mercado resolver, tá resolvido. Não sei se isto fica claro à primeira vista, mas isso é quase uma imitação sociológica do processo cognitivo tal como descrito pelo Locke - uma combinação mais ou menos aleatória dos estímulos que você vai recebendo e vai formando as suas idéias morais. Então as idéias morais da comunidade seriam feitas pelo livre arranjo do que der certo no mercado. Eu acho essa concepção absolutamente monstruosa, mas isso aí o Shaftesbury já tinha visto muito antes de mim. Não basta você ter a liberdade e a propriedade. Se não houverem valores morais definidos, que não estejam sujeitos às oscilações do mercado, o próprio mercado vai "comer" os poucos valores existentes. O mercado é mais ou menos uma combinação aleatória e não pode determinar por si o que as pessoas vão querer ou não. Se o que elas querem fosse baseado numa psicologia Lockeana - de prazer e dor - o resultado seria a destruição total do que nós entendemos por civilização. Esta é uma corrente que existe. Por exemplo, sempre que eu leio o jornal Financial Times, os colunistas são todos assim e o mercado para eles é tudo. Aparece o Milton Friedman dizendo que precisamos liberar as drogas porque o mercado resolve tudo. Tudo isso aí é o que a gente chama liberalismo no sentido estrito. O conservadorismo também faz a apologia da economia de mercado, mas o faz em nome de certos valores que a determinam. Esta idéia inglesa da benevolência inata, da tendência do ser humano a querer bem os seus semelhantes, é no fundo a mesma idéia de Alain Pereyfitte: a confiança. É a atmosfera de confiança que surgiu em determinadas sociedades que permite a emergência da economia de mercado. Se em seguida, essa atmosfera de confiança é "comida" pelo próprio mercado - já não sendo a base moral que fundamenta o mercado, mas o mercado se torna o fundamento, "comendo" aquilo que lhe deu origem e lhe dá sustentação - então aí é um Deus-nos-acuda. O passo seguinte então será, através da própria mecânica do mercado, as idéias destrutivas acabarem predominando. Por exemplo, nada impede que as teorias socialistas façam mais sucesso no mercado do que as próprias teorias capitalistas. O sujeito confiar em que o mercado vai resolver tudo é coisa de maluco. Para vocês verem como essas coisas são ambíguas e como os liberais em sentido estrito estão por fora, o sentido anti-religioso e anti-civilizacional e amoral e, na verdade, imoral dessa corrente aparece justamente em um dos ídolos do pessoal liberal que é Hume. David Hume foi um sujeito que propunha que o governo deveria pagar o clero - vejam até que ponto vai a coisa - manter o clero com subsídios estatais para controlá-lo. O sujeito é liberal, quer liberdade de mercado com todo mundo livre, mas o clero tem que ser mantido através do suborno. Você vai ver que mais tarde, as idéias de mercado são elaboradas dentro de um contexto evolucionista na base da sobrevivência do mais apto - a própria subsistência dos seres humanos se torna uma questão de mercado - e daí você parte para o comércio de órgãos ou para a pedofilia. Se a pedofilia for aceita no mercado, você não tem como resistir a essas coisas em nome do mercado. O mercado subentende a existência de valores que ele mesmo não determina. Isso é muitíssimo importante: a origem dos valores não é o mercado. Se nada tivesse valor, nada seria comprado ou vendido. As pessoas compram e vendem porque acreditam que as coisas têm algum valor. O motivo delas crerem nisso não faz parte da ciência econômica e é uma coisa totalmente alheia à economia. O resultado é que não se pode compreender a sociedade a partir da economia justamente porque a economia começa com a realidade do comércio, da compra e venda e se não há compra e venda, não se pode falar em economia, haverá uma economia de mera subsistência. Mas a partir do momento em que há um mercado, o fator decisivo são justamente os valores que estão fora do estudo econômico. Por isso é que eu acho engraçado esses camaradas que estudam economia e, mesmo aderindo às idéias do Von Mises, querem fazer da economia a ciência social fundamental e isso é absolutamente impossível. A economia é uma ciência que vai estudar racionalmente a produção, circulação e distribuição e comércio de bens, mas ela não estuda o porque de os homens fazerem isso. Por que os homens querem este bem ou aquele bem? Esta é justamente a questão fundamental. São os valores que vão orientar a conduta e que vão orientar as escolhas das pessoas no mercado. Se a economia não pode descobrir os motivos e se o estudo dos motivos que determinam a conduta dos fulanos no mercado não faz parte da ciência econômica, então é preciso uma outra ciência mais básica que a oriente. Essa ciência, como já dizia Aristóteles, vai ser justamente a Ética, o estudo dos valores. Aristóteles via a economia como uma parte da Ética e ele estava muito certo. Se a economia toma o lugar da Ética, você vai ver o comércio de órgãos, o comércio de criancinhas, o aborto livre e assim por diante. Tudo o que qualquer pessoa queira, economicamente falando, é viável e legítimo. Se você quiser comprar a mulher do seu vizinho e ele aceitar vender - Ué? Por que não? E assim por diante. O Frederico Correia enviou uma notícia sobre o conflito entre o governo da Polônia e a União Européia. O governo polonês quer baixar uma lei que proíbe o ensino da cultura homossexual nas escolas. Ou seja, os representantes do movimento gay não poderão entrar nas escolas dizendo que o homossexualismo é muito bom e que eles devem praticá-lo já desde pequenininho e etc, que é uma coisa que nunca houve. Foi uma coisa que eles inventaram agora. Nunca puderam fazer isso em parte alguma. Na civilização ocidental nunca tiveram esse direito, mas agora inventaram que têm. Mal inventaram que querem isto, mas agora, se alguém diz que não, eles dizem que estão suprimindo um direito deles. Você não pode suprimir um direito que não existe. Eles tão logo reinvindicam e já estão tratando aquilo como se fosse um direito. A negação é, portanto, uma violação do direito. Isso aí é o que se chama exatamente de moldar ou enquadrar o debate - você determina os termos nos quais a questão vai ser discutida conforme o seu interesse e não conforme a objetividade da questão. Historicamente, os exemplos são muitos. Por exemplo, esse movimento abortista, nos Estados Unidos dos anos 60, conseguiu moldar o debate de tal modo que ninguém discutiu o que era um aborto. O que é um aborto e como se faz? A gente sabe que um aborto é você retalhar uma criança que pode ser de 3, 4 ou 5 meses, retalhar em mil pedaços e jogar no balde. Era isto que se estava discutindo - se ia ser permitido ou proibido - este ponto estava, na verdade, proibido de ser discutido. Esta era a essência da questão, então desviaram a discussão para a liberdade de escolha das mães. Você fica discutindo então se aquilo é bom ou não para a mulher, se tem o direito ao seu corpo, etc e ninguém discute o que é o aborto e como se faz. Veja, um dos ex-líderes do movimento abortista, o Dr. Bernard Nathanson, confessou que falsificou dados pra caramba, por exemplo, aumentando o número de mulheres mortas por abortos ilegais nos Estados Unidos naquela época, que era de 250 por ano, mas que ele divulgou que era de 10,000 para dar uma idéia de epidemia. Veja o que esse pessoal do movimento gay faz. Qualquer homossexual que é assassinado, eles dizem que foi crime de ódio: "o sujeito foi assassinado por ser homossexual". Agora quando o assassino é homossexual, é proibido mencioná-lo porque já é discriminação. Resultado: fica parecendo que os homossexuais são pessoas inocentes, boníssimas, que nunca matam ninguém e que, ao contrário, a sociedade desencadeou uma onda de violência contra os homossexuais. Isso é uma falsificação medonha, mas é assim que você vai conseguindo enquadrar um debate. Então, neste caso polonês, ninguém está tomando um direito dos homossexuais, estão simplesmente negando uma reinvindicação que eles inventaram agora. Isto aí já é tratado pela União Européia como se fosse a supressão de um direito pré-existente. A União Européia, como aliás a ONU e todos esses organismos internacionais, têm um receituário de leis que cada povo precisa ter. Esse negócio de falar em soberania nacional é uma palhaçada. Não existe mais soberania nacional alguma - a ONU e os organismos internacionais mandam. Se você quer que o seu país sobreviva e não seja tratado como um país marginal, você tem que obedecer à risca. Eles inventam as suas leis, que não são nem votadas na ONU, são decisões tomadas por comissões técnicas, que de repente são impostas à países inteiros sem possibilidade de você dizer não. Então, por exemplo, está decidido que o aborto será liberado no mundo inteiro - não só liberado, como incentivado. Está decidido que a homossexualidade será a única conduta humana que não pode ser criticada. Essa lei que estão botando no Brasil é exatamente isto. Se aprovarem essa PL 5003, você pode criticar tudo no mundo - a Igreja, a família, os políticos - e pode falar mal do capitalismo, do socialismo, mas se você falar mal da conduta homossexual você vai pra cana. Isso quer dizer que os homossexuais são o grupo mais privilegiado que existiu ao longo da história e o homossexualismo será a única conduta humana que não poderá ser objeto de crítica. Prestem bem atenção na gravidade disto. Isto é um privilégio que só os imperadores romanos tiveram. Vejam, até a Igreja Católica no tempo da Inquisição tinha muita crítica circulando ali dentro, dentro da própria Inquisição. Agora o homossexualismo será sacrossanto - ninguém poderá falar mal. Se não pode falar mal, então você não pode dizer não, e se não pode dizer não, então ele se torna automaticamente obrigatório porque ele vai se impôr aonde ele quiser. É uma coisa monstruosa mas está sendo imposta não só aí no Brasil. Aqui nos Estados Unidos há um sujeito que está com o mesmo projeto. Isso é um projeto mundial. A fórmula de toda esta nova ordem mundial está pronta pelo menos desde os anos 30. O grande formulador disso foi um escritor inglês chamado Herbert George Wells, que foi um escritor de segunda ordem mas que dava palpite sobre todos os assuntos. Wells escreveu mais de cem livros e estava toda hora presente em conferências, programas de rádio - falava pra caramba. Ele é o inventor do que ele chamava de mundo planificado. Há que ler esses negócios do H. G. Wells. Há um livro chamado "Forma das Coisas Futuras". Há outro que se chama "Conspiração Aberta" (The Open Conspiracy). Esse era o programa da sociedade Fabiana, uma sociedade fundada por dois escritores ingleses - Sidney e Beatrice Webb, que eram agentes pagos do governo soviético, como mais tarde veio a ser revelado - que pretendia implantar o socialismo por meios não-revolucionários e gradativos. Tão gradativos que o símbolo da sociedade fabiana era uma tartaruga. O programa do socialismo fabiano é o que está sendo implantado no mundo inteiro pela ONU. Sem discussão, sem brigas, sem ruptura: tudo por meio de debates pré-programados para levar ao resultado previsto. Isto está sendo imposto de uma maneira que é a prepotência branca, que é a forma mais cínica e terrível de prepotência porque o sujeito te obriga a fazer e diz que não está te obrigando e diz que você está fazendo o que quer. E não é só nessa questão do homossexualismo, é em milhares de outras questões. Para vocês verem, aqui há uma outra notícia de que na Alemanha, que é um país central da comunidade européia. A Alemanha é o próprio espírito da comunidade européia. Na Alemanha, uma menina, Melissa Busekros, da cidade de Erlangen na Bavária, foi tomada de seus pais pelo governo porque eles estavam fazendo home-schooling com a menina. O governo simplesmente tomou um filho. Ora, a mesma coisa aconteceu aí no Brasil para um amigo meu, que nesse momento está sofrendo perseguição e tem um monte de processos nas costas porque estava fazendo home-schooling com a criança. Isto quer dizer que o chamado pátrio poder não é mais um princípio de direito natural, ele é uma concessão do estado e o estado tira quando quiser. Não é que você nasce com aquilo e, no caso de um crime, o estado pode tirar. Não, você nasce sem isso e o estado é que te atribui o pátrio poder: você tem pátrio poder como se fosse um funcionário público. O estado pode tirar, não em caso de crime, mas simplesmente por causa de uma divergência em relação aos programas educacionais. O estado impõe a educação estatal obrigatória. Ele impõe a proibição de falar do movimento gay. Ele vai impôr a eutanásia. Ele vai impôr a pedofilia. Prestem bem atenção no que estou falando: a pedofilia, antes de 10 anos, não apenas estará liberada mas haverá a mesma reinvindicação de que você não poderá sequer chamar o pedófilo de pedófilo porque isso será chamado de "hate speech". Esse será um termo preconceituoso e ofensivo e vão ter que inventar um termo mais bonito para chamar os pedófilos. Isto aqui já está sendo implantado. Isto é um movimento e um grupo de pressão importante e existe muito encavalamento entre as duas coisas. Por que esse pessoal do movimento gay faz tanta questão de penetrar nas escolas? Pode ter certeza que no meio deles há um monte de pedófilos infiltrados que já estão pensando em arrumar clientela. Os organismos internacionais servem a isto. É o projeto do mundo planificado, que vem junto com a destruição de todos os valores e princípios morais construídos ao longo de milênios na civilização sendo substituídos por um projeto maluco inventado por utopistas, por intelectuais de quinta categoria como esse Herbert George Wells. O projeto da nova ordem mundial cruza com o projeto de dominação islâmica. Os muçulmanos têm o seu próprio projeto. Que o Islã quer dominar o mundo, não sou eu que estou inventando - isso é declarado. Tudo quanto é pronunciamento de governante e líder islâmico diz exatamente isso: "nós vamos dominar tudo, vocês podem tirar o cavalo da chuva". Eles não escondem isso aí. Isso não é uma interpretação que estou fazendo, isso é um fato. O projeto da nova ordem mundial tem que fazer um arranjo de alguma maneira com o Islã. A nova ordem mundial compete com o Islã do ponto de vista, digamos, geo-estratégico, mas está de acordo com o Islã num ponto muito importante: a aliança dos dois contra o Cristianismo. É muito importante vocês verem que isso acontece na Europa Ocidental e acontece aqui. Esse pessoal que está no poder, as elites do establishment, que querem implantar o governo mundial, fazem tudo para favorecer o avanço islâmico e para destruir ou criminalizar o Cristianismo. Vejam esse caso que aconteceu de um juiz, também na Alemanha - tinha que ser na Alemanha! O sujeito estava batendo na mulher e a mulher acabou pedindo divórcio. Quando o problema foi para a justiça, descobriu-se que o cidadão era muçulmano, e como o Corão o autoriza a bater na mulher, a juíza alemã da cidade de Frankfurt decidiu que a guarda do filho ia ficar com o pai porque o pai tinha todo o direito de bater. Isso é o multiculturalismo: cada um de acordo com a sua cultura, exceto se você for cristão. Se você for cristão ou judeu, você não tem direito à sua cultura, mas se for muçulmano, você pode, em plena Alemanha - um regime constitucional moderno - viver de acordo com as regras do Corão e pode, portanto, bater na sua mulher. Então, o Corão foi citado pela juíza como fonte do direito. O Corão agora se tornou fonte do direito retroativamente, uma das fontes do direito ocidental. Aqui nos Estados Unidos também acontece a mesma coisa. Se você é muçulmano, você tem todos os direitos, todas as vantagens e os outros não. E ainda esses desgraçados se queixam de que são discriminados. Ora, não há um caso aqui nos Estados Unidos em que você vê que o sujeito foi perseguido, ou perdeu o emprego por ser muçulmano. Mas caso de perder o emprego por ser cristão há um monte, inclusive empregos oficiais, na Marinha, em escolas públicas. É uma perseguição aberta. Mas se é muçulmano, não, muçulmano é muito bem tratado. Então existe uma competição entre as duas novas ordens mundiais - a ocidental e a islâmica - no plano internacional, mas dentro do Ocidente, eu acho que elas são amiguinhas porque os Estados Unidos fazem guerra com o pessoal islâmico lá no Iraque, mas aqui dentro os islâmicos são favorecidos em tudo, mesmo as pessoas que têm ligações com terroristas, como este deputado Allison, que fez o juramento sobre o Corão e hoje está provado que teve ligação com o terrorismo - não interessa, se é muçulmano, é privilegiado. Pergunta de Davi Carvalho, de Belo Horizonte: "Li no Mises.org que todo mundo na academia diz que o John Maynard Keynes é liberal clássico, mas esses dois comunistas, Sidney e Beatrice, escreveram um livro chamado "Soviet Communism: A New Civilization" e sabe o que o Keynes falou sobre esse livro? 'É um livro muito bom e é o que todo mundo devia ler.' Para quem quiser ler o artigo, procure por 'Keynes and the Reds' no Mises.org" E tem mais, quando abriram os arquivos da União Soviética, se descobriu que os originais desse livro tinham vindo prontos do governo soviético. A chancelaria soviética entregou o manuscrito pra esses dois e eles publicaram como se fosse deles. Aquilo era propaganda soviética e significa que todo esse negócio de socialismo reformista, social-democracia, isso sempre esteve sob o controle estrito da União Soviética. Isso foi um braço da União Soviética e você vai ver que ela sempre usou dois braços: o movimento comunista explícito e o movimento social-democrata. Ela controla os dois. Também, o escritor Vladimir Bukovsky, que foi o primeiro pesquisador ocidental a ter acesso aos arquivos de Moscou, descobriu lá que a KGB estava financiando praticamente toda a imprensa social-democrática da Europa e nenhum desses caras até hoje prestou satisfação. Esses jornais da esquerda democrática iluminada, que seriam os tucanos europeus, estavam todos sob o controle da União Soviética. Isso aí já não me engana mais. Pergunta de Flavio: "Eu gostaria de saber sua opinião a respeito da maioridade penal." Para caso de homicídio não existe maioridade penal: se tiver 5 anos, tem que pagar. O Brasil é o país que tem a maioridade penal mais alta do mundo. Em quase todo o mundo é 11 ou 12 anos, no máximo 14 anos, agora no Brasil o sujeito quer ter o direito de permanecer fora do alcance da lei não só até os 18 mas até os 30, até os 40, até os 50. Pelo critério brasileiro, a maioridade penal chegará até os 80 anos, a não ser para fins de crimes fiscais. Se você sonegou imposto de renda, você vai pra cana. Se é crime de homicídio, a vida humana não vale nada mesmo, sobretudo vida de brasileiro. Pode matar 50 mil por ano que a maioridade penal ficará para depois que o sujeito morrer - esse é o ideal brasileiro. Esse amor profundo da esquerda brasileira pelo crime é uma coisa que já está mais do que caracterizada. Toda essa cultura esquerdista que vigora no Brasil é, primeiro, uma cultura da cizânia, uma cultura da intriga, a cultura de sempre explicar tudo pela malícia. Eles querem jogar o pai contra o filho, o marido contra a mulher, empregado contra patrão, patrão contra empregado, isso o tempo todo. Eles dizem que todo mundo é mau, todo mundo está sempre sacaneando alguém, menos eles, evidentemente. Mesmo quando estão no governo, comendo o dinheiro público, eles fazem isso pelo mais puro amor à humanidade e os outros todos são malignos. E, em segundo lugar, é uma moral da inversão, uma moral de que o bem só existe sob a forma do mal. Onde aparece a criminalidade, é porque existe ali uma alma boa que foi pervertida pelos outros - sempre os outros. O agente nunca é o agente. O agente é sempre paciente. Se o sujeito matou o vizinho, então não foi ele que matou o vizinho, fomos nós. Nós é que o maltratamos de alguma maneira e ele se tornou assassino, portanto, o autor do crime não é ele, somos nós. Esta moral invertida é a essência do esquerdismo mundial, ou seja, o esquerdismo é uma patologia do espírito. Mas não é só esquerdismo. Esses filósofos ingleses do Iluminismo que eu mencionei - Shaftesbury, Hutchinson e outros - eles tinham essa idéia da benevolência natural do ser humano, que é o nosso instinto social, de amor ao próximo: o segundo mandamento. Se você abole isso e quer resolver tudo na base, por exemplo, do mercado, você está fazendo a mesma coisa que os esquerdistas e é tão assassino quanto eles. Você os está ajudando porque onde quer que essas idéias amorais imperem, o esquerdismo vai sempre levar vantagem, pois a atividade mais constante do esquerdismo é a propaganda e a mentira e eles vão sempre ficar em vantagem no mercado. Pergunta de Flavio: "Hoje existe algum movimento dentro da Igreja Católica no Brasil que esteja se opondo a esse esquerdismo que vem acontecendo dentro da própria Igreja?" Não. Esse pessoal da Igreja no Brasil é todo mundo. Quem não é molenga, é traidor. O apóstolo dizia "nossa luta não é contra a carne e o sangue, é contra os principados e as potestades das trevas". Eu só vejo padre abrir a boca para falar ou a favor do comunismo, quer dizer, a favor das potestades, ou para falar contra a carne e o sangue. Às vezes vêm com moralismo sexual perfeitamente desproporcional. Não é possível que dentre os milhares de problemas do mundo, o maior problema seja que os garotos de 12 anos estão tocando punheta - a gente vê muito padre preocupado com isso. Os principados e as potestades podem fazer o que quiserem que bispo nenhum vai levantar a voz. Quando levantam, é com 50 anos de atraso, quando o mal já tomou a área toda. Esses bispos não têm perdão, estão todos vendidos. E não é só bispo. O pessoal da igreja evangélica também. A TV Record já está passando novela de viadagem. E além disso estão todos trabalhando para o PT. Estão trabalhando para os principados e potestades e depois vão lá no púlpito para dizer que a menina que se esfregou no garoto vizinho é sem vergonha e que vai para o inferno. "Arrependei-vos irmãos!" Tudo isto é monstruoso. Qual é o primeiro mandamento? Amar a Deus sobre todas as coisas. Então, Deus começa o ensinamento moral dele nos ensinando o princípio da hierarquia: as primeiras coisas primeiro. Qualquer violação da hierarquia dos valores vai diretamente contra o primeiro mandamento pois se é preciso amar a Deus sobre todas as coisas, daí segue-se, de maneira escalar, os outros mandamentos. O princípio da moralidade é o princípio da ordem moral, da hierarquia moral, e hierarquia subentende uma diferenciação de importância. Você tem que condenar mais os males maiores e menos, os males menores. Tem que ser mais tolerante com os males menores e totalmente intolerante com os males supremos. Quanto a esse satanismo militante que hoje está aí à solta, os padres já colaboraram com isso muito mais do que seria preciso para rotulá-los de hipócritas. Já não são mais nem hipócritas, já são assumidos. Veja, como é que esse pessoal da teologia da libertação, que são todos comunistas, marxistas e satanistas mesmo, nem um deles jamais foi excomungado? O atual papa, por exemplo, está fazendo até umas coisas boas, mas no tempo em que ele era o cardeal Ratzinger, ele chamava esses caras no Vaticano e passava a mão na cabeça deles dizendo "meu filho, fique quieto um pouquinho", mas para os camaradas que eram fiéis à Igreja tradicional, como Don Castro Mayer e Don Lefevbre, teve a excomunhão. Tudo isto configura exatamente o que a Bíblia chama "escândalo". Quando você vê os próprios representantes da fé agindo de maneira contrária. Eu acho que a importância excessiva que esse pessoal dá na pregação contra esse negócio de moral sexual e não fala nada do satanismo militante é para enlouquecer qualquer um. Isso já é a perversão. Eles estão combatendo a carne e o sangue e não os principados e potestades. Pergunta de Flavio: "Hoje parece que eles confundem Marx com Jesus." Já chegaram a esse ponto, então já está totalmente pervertido. Com um cara desse já não se pode nem falar. E eles ainda querem ser tratados com respeito? Pergunta de Flavio: "E aquela antiga TFP, ela não existe mais? Era um movimento mais conservador não era?" Sim, mas era um moralismo muito estreito. Mas aqui nos Estados Unidos, o pessoal da TFP já amadureceu porque conversa até com protestante e aí no Brasil queriam mandar todos os protestantes para o inferno. Mas de tanto apanhar, aprendeu que tem que ser mais tolerante, que não pode ser aquele negócio tacanha. Não quero dizer que sejam pessoas más. Por exemplo, o príncipe Don Bertrand, que era um dos líderes da TFP - eu o acho uma das melhores pessoas que havia no Brasil. Mas na vida prática, eram um pessoal que não tinha noção prática nenhuma, eram muito estratosféricos, teóricos demais, muito rígidos. As pessoas que só pensam em idéias e não entendem o mundo real ficam com uns esquemas que não funcionam. A TFP levou uma entortada no Brasil que foi quase destruída, tomaram todas as propriedades dela. Ás vezes o sofrimento ensina. Primeiro, eles têm que entender que aquele Plínio Correa de Oliveira era muito inteligente mas não era um profeta, não era tão grande quanto eles dizem. O livro dele, "Revolução e Contra-Revolução", tem muitas idéias excelentes. Ele era um intelectual de verdade, um estudioso, mas não é aquela obra suprema que eles imaginam. Não é para construir uma seita em torno do cara. A TFP teve lá os seus méritos e deméritos. Na essência eles eram cristãos e tinham boa intenção, mas na maneira de conduzir as coisas, eu acho que eram todos malucos. Mas, veja, eu não gosto de bater em quem está apanhando. No tempo em que os comunistas estavam sendo perseguidos eu não podia falar mal deles e, mesmo que eu tivesse contra, eu calava a minha boca. E hoje eu não vou falar mal da TFP, porque a TFP está muito por baixo. Quando eles ficarem mais fortinhos, daí a gente critica eles. Pergunta do Antonio Langara: "Alguns estudiosos costumam chamar a atenção para as numerosas convergências e pontos de contato normalmente ao que diz respeito à intelligentsia universitária que existiria entre a Rússia pré-revolucionária no final do século XIX e o Brasil contemporâneo. Confesso que sempre julguei tal paralelo uma tremenda forçação de barra, uma vez que a Rússia jamais exerceu qualquer influência na história do nosso país. Não obstante, comecei a ler há algumas semanas o romance 'Os Possessos' de Dostoyevsky e estou profundamente impressionado com as espantosas semelhanças tanto no que diz respeito à esfera psicológica quanto no plano do discurso." Isto aí, Antonio, é a pura verdade. E, note bem, a semelhança não tem nada a ver com a influência da Rússia, mas há um fator mediador que estava presente na Rússia e no Brasil, que é o movimento revolucionário internacional. O movimento revolucionário internacional, já desde a década de 30 foi conquistando posições na cultura brasileira até o ponto de, durante os anos 50 até 80, ele ser a força dominante, e hoje é a única. Você não tem uma intelectualidade não-esquerdista, você tem intelectuais não-esquerdistas soltos, marginalizados e quase sem voz. A cultura, na sua totalidade, é a cultura do movimento revolucionário, mas não digo que seja explicitamente comunista. O movimento revolucionário tem várias etapas: a etapa iluminista, depois a etapa romântica, depois tem a etapa marxista, a etapa anarquista, depois tem a etapa modernista. São várias etapas que vão como camadas geológicas, e como acontece com a camada geológica, quando você tem um terremoto que abre a camada de cima, aparece a camada de baixo. Então, o movimento revolucionário tem sempre umas ondas retrô. Quando fracassa a idéia revolucionária mais da moda, reaparece a anterior com uma nova cara. Ás vezes, reaparece porque as pessoas não sabem que aquilo é antigo. Por exemplo, hoje há a moda de neo-materialismo, com esse Richard Dawkins, esse Daniel Denet e aqueles bobocas todos, liberais, que repetem isso lá no Brasil. Ora, isto aí é um discurso que repete exatamente o do materialismo cientificista do século XIX. Os argumentos são os mesmos, iguaizinhos, só que os caras repetem o que eles ouviram agora e nem sabem que isso veio do século XIX. O sujeito está repetindo uma coisa de 100 anos atrás mas ele pensa que é de agora. Ás vezes eles pensam que foram eles mesmos que descobriram. O movimento revolucionário, nas suas várias camadas, ele é a grande força dominante da cultura brasileira e é por isso que o Brasil está na merda em que está. O movimento revolucionário só serve para criar destruição, miséria, terror, loucura, não serve para absolutamente nada. O movimento revolucionário é a seita gnóstica transformada em movimento de massa e gnosticismo é loucura. O gnosticismo é o caso do sujeito que sabe tudo e que além do círculo de experiência dele não existe nada. É a presunção de onissapiência. Note bem, se o camarada é materialista e só acredita em forças naturais, a mente dele acaba funcionando assim, a mente dele se mecaniza e ele perde a capacidade de perceber valores, de perceber sinais do espírito, de perceber o sentido da vida. Então, como para ele aquilo tudo ele não percebe, aquilo tudo não existe e, como não existe, ele quer proibir você de perceber. Não é uma influência russa no Brasil, é uma influência do movimento revolucionário que influenciou a Rússia de uma maneira e o Brasil de outra. As diferenças são várias mas há algumas que são mais importantes. Em primeiro lugar, aquela intelligentsia russa do século XIX lia livros e era gente às vezes bastante culta. Eles tinham o mesmo verbalismo brasileiro: falavam sem parar, adoravam discutir, mal ouviam falar do assunto e já começavam a falar - mas tem o seguinte: eram gente que tinha cultura. Em segundo, eles tinham uma mentalidade religiosa. Uns eram religiosos mesmo e outros eram messiânicos e viam a revolução como uma espécie de religião e eram pessoas crentes. No Brasil, a intelligentsia tem duas coisas. Primeiro, ela é inculta. O intelectual brasileiro não lê livros e quando lê um livro por ano, tem assunto para falar para o resto da vida dele. Quando você vê esses camaradas tipo Emir Sader, Fausto Wolff, eles não lêem coisíssima nenhuma. Eles ignoram toda a cultura do ocidente e mais alguma coisa. Em segundo lugar, os brasileiros não são crentes, eles são cínicos e aproveitadores. São mais picaretas. Então, o romance de Dostoyevsky, por exemplo, naquelas discussões daqueles personagens que varavam a noite discutindo maluquice, as maluquices que se discutiam no livro eram muito parecidos com as discussões reais da intelligentsia russa e eram questões de uma dramaticidade imensa. Se fosse no Brasil, seria o que? Seria exatamente o contrário, seriam questões absolutamente idiotas, sem importância nenhuma, mas a verborragia seria a mesma e a quantidade de álcool consumido seria a mesma. Só que no Brasil também teria a maconha. Brasileiro já é verbalista e a maconha diminui a capacidade de percepção e aumenta a capacidade de associação verbal. O sujeito associa verbalmente qualquer coisa com qualquer coisa e depois esquece tudo, que era uma bobagem. Então, no Brasil, seriam os debates regados à maconha. Uma vez eu estava na Bahia e dei uma aula e me convidaram para um debate. Era um grupo de estudantes que ia fazer um debate na casa de fulano-de-tal. Chego lá e tinha uma mesa comprida e uns vinte sentados de cada lado, cada um enrolando seu cigarrinho de maconha, se preparando para o debate. Imagine que debate podia sair dali. Eu falei "Não vai ter debate nenhum. Eu vou é dormir, pô. E acho que vocês devem fazer a mesma coisa, fumem aí seus cigarrinhos de maconha e vão dormir." E eles também acharam que era melhor. Teve um sujeito que me fez uma pergunta dramática sobre o Islã, mas eu não estou achando a carta dele. O sujeito quer saber qual é, afinal de contas, a minha posição com relação ao Islã. Ele diz que, há anos atrás, eu disse para ele que a tariqah do Frithjof Schuon era uma tariqah autêntica, ligada realmente à tradição islâmica. Havia umas pseudo-tariqahs espalhadas pelo Brasil e que, na verdade, era um grupo de estelionatários. Eu falei "Essa aqui está ligada à tradição." Hoje, eu vejo que ela é ligada à tradição mas não é uma tariqah tão ortodoxa. Existem outras tariqahs que a consideram um pouco herética, entre as quais, o fato de que, entre outros motivos, o Frithjof Schuon levava um pouco demais à sério a sua teoria sobre a unidade transcendente das religiões. Ele então orientava não somente muçulmanos como seria o normal nas tariqahs, mas também orientava católico, protestante, budista, então ele ficava uma espécie de papa inter-religioso, com uma autoridade tremenda. O homem falava e todo mundo dizia amén. O pessoal das outras tariqahs andou o criticando por causa disso. Eu não quero julgar o homem - sem dúvida foi um grande homem, mas parece que ele achava que ele era um pouco maior ainda. Tem esse negócio: há o sujeito que não é nada e acha que é alguma coisa e há o sujeito que é muita coisa e acha que é mais ainda. É loucura uma coisa como é loucura a outra. A gente tem obrigação de saber a nossa exata medida. Marco Borgert: "Foi com surpresa que li o seu texto sobre a invasão islâmica. Se entendi direito, foi uma articulação entre os sheiks que enviaram Gurdjieff e enviaram Guénon e Schuon." Eu sugiro, não. Eu tenho certeza disso aí e em alguns casos eu fui testemunha direta dessa conexão. São coisas que eu não desejo contar ainda e quando eu escrever meu livro de memórias, vou contar tudo com detalhe. Mas hoje eu tenho certeza desta articulação. Não sei exatamente os termos dela mas sei que ela existe. E que existe um projeto de dominação islâmica mundial, não precisa nem dizer. Não sou eu que estou dizendo, são eles mesmos que dizem. O próprio Frithjof Schuon, quando voltou da Argélia, nos anos 50, a primeira coisa que ele disse foi "Vou islamizar a Europa", e islamizou. Como é que ele fez? Foi fazer pregação na rua? Não. O Islã não faz pregação, ele pega as pessoas de um em um. O que ele fez foi pegar gente da elite intelectual. O número de pessoas de enorme influência, de enorme poder, que estavam diretamente sob o guiamento dele era muito grande. E isto, ao longo prazo, funciona muito mais do que qualquer pregação de rua. Eles não eram nem os formadores de opinião, eles eram os donos e mestres dos formadores de opinião e eram, por sua vez, discípulos do Schuon. Então, o Schuon foi uma espécie de arrasa-quarteirão na Europa. Depois ele veio morar aqui nos Estados Unidos. E a vinda dele para cá - veio ele e veio o Seyyed Hossein Nasr - abriu as portas para uma expansão islâmica formidável. Então eles têm esse plano. Você pode pensar o que quiser deles. Uns acham que eles vão estragar o mundo, outros acham que eles vão salvar o mundo. Eu, na verdade, não sei, porque, você veja, se há uma destruição total das tradições ocidentais, então, o que acontece? O Islã adquire - em face desta coisa de nova ordem mundial, materialismo, etc - o Islã adquire subitamente uma autoridade espiritual inesperada. Se é para escolher entre esse negócio de abortismo livre e ditadura gay, se a alternativa for isso de um lado e o Islã do outro, então o Islã, perante Deus, adquire uma autoridade formidável. Isto é no caso da destruição do Cristianismo. A tal da nova ordem mundial leiga não existirá de jeito nenhum, ela é apenas uma interface. Se ela conseguir calar o Cristianismo aqui, no dia seguinte islamiza tudo. Eu já disse que eu não sou idiota o suficiente para ter opiniões favoráveis à civilizações inteiras. Estou tentando entender o que acontece e só. Note bem, brasileiro sempre quer uma posição pró e contra e você é obrigado. Há aquela famosa estória do chefe de redação que chegou para o redator - era Natal - e disse: "Escreve aí um artigo sobre Jesus Cristo." Daí o cara perguntou: "Contra ou a favor?" O brasileiro sempre tem que estar contra ou a favor, em bloco. As coisas não são assim. Diz ele aqui: "Você já esteve envolvido com socialismo, com Idries Shah, Gurdjieff, Schuon e etc" e diz que eu fui abandonando cada um deles. Claro! Eu nunca entrei em parte alguma, em organismo algum, em organização alguma, esperando encontrar ali A Verdade. Nunca. Eu não sou idiota a esse ponto. Eu sou idiota no sentido de que eu preciso aprender devagarzinho. E tem muita coisa que não basta a leitura, tem que ir lá para ver como é que é. Eu pago o meu conhecimento, vamos dizer, com o meu próprio prejuízo. Se você quer aprender, você tem que correr riscos. Então sempre fui buscando aprender as coisas e aprendendo um pouquinho de cada um. Aprendo e logo vou embora porque não tem mais nada para aprender ali. Nunca esperei que alguma me entregasse a verdade pronta na mão, nem mesmo a Igreja Católica. A Igreja Católica te entrega a verdade e a verdade está no Credo. Você lê o Credo, muito bem, só que agora você tem que entender o Credo e isso é o resto da sua vida. Isto não é a transmissão de uma verdade, é a transmissão de um símbolo da verdade e esse símbolo tem que ser decodificado, transformado em discurso, transformado em prática e aí é que vai sendo, aos poucos, o conhecimento da verdade. A verdade pronta, ninguém vai te dar, nem mesmo as igrejas, quanto mais uma sociedade de Gurdjieff. As outras pessoas entram nisso com um espírito muito diferente do meu. Eu entrei sempre com o espírito de aprendizado. Por isso, entro por um lado e saio pelo outro e saio inteiro. As outras pessoas, não. Quando entram no socialismo, é porque acreditam plenamente no socialismo, e quando o socialismo falha, elas dizem "ah, meu mundo caiu" e têm que fazer 10 anos de psicoterapia. Ficam todo traumatizadinhos. Não é assim que as coisas funcionam. Você tem que seguir a palavra do apóstolo: experimentai de tudo e ficai com o que é bom. Não tenha medo de experimentar e entre nas coisas sem prevenção, de coração aberto, disposto a pegar ali o que tiver de bom e largar o ruim e ir embora. Porque, definitivo, só Deus. Não tem guru, não tem mestre, não tem organização, não tem igreja, não tem coisa nenhuma. No Brasil é o seguinte, se você passou por essas coisas, as pessoas pensam que são sucessivas lealdades, que se você foi lá, jurou lealdade e em seguida abjurou. Isso é coisa de maluco. Esse é um espírito partidário, um espírito de sectário imbecil. O sujeito não pode trocar de time de futebol. É aquele negócio: "o homem nasce, cresce, vive e morre corintiano." No Brasil, todos têm que ser igual ao Rodrigo Constantino: ele viu a luz aos 14 anos e já entendeu toda a verdade aos 14 anos - até sobre o marxismo, ele já tinha entendido a falácia do marxismo aos 14 anos - então esse aí já não precisa aprender pois já nasceu sabendo. Agora, para quem é mais burro como eu, a gente já tem que ir aprendendo, passando por todas as dificuldades e humilhações do aprendizado - porque já dizia Nietzsche "a humilhação é a mãe do aprendizado". Então é humilhação, é canseira, é trabalho, e a gente vai aprendendo. Para compensar, eu não tenho trauma de nada disso. Quando eu descobri que o marxismo era furada, não foi trauma, foi apenas mais uma coisa que eu descobri. Descobri que a psicanálise era uma furada e passei anos da minha vida também experimentando análises, e no fim, descobri que era tudo furado. E daí? Fiquei traumatizado por causa disso? Não. Depois passei pela escola Gurdjieff e descobri que era furada. A gente vai vivendo e aprendendo, ué? Não se pode ter medo de aprender. O medo de aprender é o medo ao conhecimento e a vontade de encontrar lealdades definitivas facilmente - isto é o que mata o brasileiro. O cara quer uma igreja, quer uma escola, quer um partido no qual ele possa filiar-se e ser leal o resto da vida. Quer saber? Isto não existe. Só tem que ser leal ao próprio Deus, nosso Senhor Jesus Cristo e mais nada. E não identificá-lo com nenhuma organização, com nenhum padre. Nós estamos numa época em que cada um, sozinho, tem que pedir diretamente ao nosso Senhor Jesus Cristo. Peça, que será respondido. Até semana que vem e muito obrigado. Marcadores: comunismo, conservadorismo, cristianismo, estados unidos, olavo de carvalho, social-democracia, socialismo, união soviética postado por Fernando às 10:04 PM Tweet |
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