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quarta-feira, maio 09, 2007

Documentário sobre o Irã - Exemplo de comportamento sob o totalitarismo

Sob um regime totalitário (completo ou parcial), a própria mídia se encarrega de se auto-censurar para evitar qualquer confronto com as autoridades, como é mostrado nesse documentário muito interessante da BBC sobre o Irã exibido em Fevereiro de 2007.

O documentário mostra os iranianos comuns como um povo amistoso e sem preconceito anti-ocidental, especialmente nas classes mais altas do norte de Teerã (cujo estilo de vida está mais para ocidental), mas também mostra as manifestações anti-Israel e anti-americanismo, que são promovidas pelo governo (aos 25:12 e aos 1:18:00 no vídeo). Em uma manifestação, um cartaz com a estrela de Davi é apedrejado aos gritos de "Hezbollah!".

O jornalista Rageh Omaar escreveu um artigo sobre mulheres jovens sob regime iraniano (aos 35 minutos do vídeo) e o submeteu ao crivo de um editor iraniano para que tornasse o artigo "publicável" em uma revista para jovens.

No Irã, um jornalista não pode escrever um artigo sobre cães por serem considerados imundos, não pode mencionar um casal de namorados de mãos dadas e não pode mencionar que os iranianos assistem programas de televisão estrangeiros via satélite (a menos que seja para condenar tal prática).

Em todas as iniciativas dos indivíduos sob um governo totalitário, uma parte dos esforços é necessária para contornar as restrições. Muitos já até se acostumaram, pois sob 28 anos de regime a maioria da população era muito pequena para se lembrar de como era na época do Shah Reza Pahlavi. As restrições se tornaram praticamente invisíveis para alguns iranianos até o momento em que o repórter os questiona a respeito delas e eles reconhecem estar insatisfeitos.

Mulheres são importunadas por dirigirem automóveis e são proibidas de andar de motocicleta. Até mesmo empresárias de sucesso têm que tomar cuidado com a maneira de falar dependendo do tipo de homem com quem fala (48 minutos do vídeo). Nem mesmo homens estão livres da opressão pervasiva, conforme o depoimento de um rapaz aos 56 minutos do vídeo.

Numa banda de música, o vocalista deve ser homem. Um produtor de bandas planeja contornar essa restrição fazendo uma banda só de garotas onde todas cantam (1:13:00 no vídeo).

À 1h 20m, o vídeo mostra as várias censuras sofridas pelo artigo escrito por Rageh sobre jovens iranianas:

- a sentença "Hijab é uma máscara", em referência ao fato das mulheres não poderem sair em público sem o hijab, foi cortada para não pegar mal com as autoridades.
- a sentença "no Irã... mulheres não podem dirigir motocicletas" foi mudada para "o Irã é um país onde todo motociclista é homem" (não se pode falar das restrições).
- a sentença "iranianos estão bem mais irritados a respeito da situação política do país" foi mudada para "iranianos que não estão satisfeitos com algumas situações na sociedade" (não se pode falar que há pessoas contra o governo).
- uma ocorrência da palavra "governo" só não foi censurada porque logo em seguida o artigo falava "potências estrangeiras não poderão impor nada neste país" (um ponto positivo anulou um ponto negativo).

Se o artigo passasse sem os cortes, o ministério da cultura exigiria provas de que o texto não foi para atacar o governo e, se não fossem satisfatórias, a publicação seria banida.

À 1h 20m, o vídeo mostra que as fotos do artigo sofreram retoques para esconder o antebraço de uma empresária, e um hijab foi aumentado para esconder os cabelos de uma moça. Os jornalistas não devem apenas ter cuidado com as palavras, mas devem examinar todas as imagens minuciosamente.



Em seu artigo à New Statesman, o jornalista Rageh Omaar manifesta sua preocupação com a possibilidade de um ataque contra o Irã. Ao ver a amabilidade dos iranianos comuns nesse documentário é difícil não ficar preocupado pela segurança deles.

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postado por Fernando às      

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