Pensadores Brasileiros       

Anúncios
Procure o livro dos seus pensadores favoritos na Livraria Cultura!

Add to Technorati Favorites


Arquivos
Posts anteriores
- Qual é o idiota mais chato?
- MST em poucas imagens
- Direitos humanos sob a ótica esquerdista
- Não são urnas que melhoram os governos. É o influx...
- Pensamentos/excrementos esquerdistas
- Cocômunistas ou bostinhas?
- Um mês faz uma enorme diferença para a Rússia e a ...
- O Gênio da Lâmpada Estatal
- Estado-babá no Brasil
- Cartun do Flatuff

Histórico
2002-11-10
2006-11-12
2006-11-19
2006-11-26
2006-12-03
2006-12-10
2006-12-17
2006-12-24
2006-12-31
2007-01-07
2007-01-14
2007-03-18
2007-03-25
2007-04-01
2007-04-08
2007-04-15
2007-04-22
2007-04-29
2007-05-06
2007-05-13
2007-05-20
2007-05-27
2007-06-03
2007-06-10
2007-06-17
2007-06-24
2007-07-01
2007-07-08
2007-07-15
2007-07-22
2007-07-29
2007-08-05
2007-08-12
2007-08-19
2007-08-26
2007-09-02
2007-09-09
2007-09-16
2007-09-23
2007-09-30
2007-10-07
2007-10-14
2007-10-21
2007-10-28
2007-11-04
2007-11-18
2007-11-25
2007-12-09
2007-12-16
2007-12-23
2007-12-30
2008-01-06
2008-01-20
2008-01-27
2008-02-03
2008-02-10
2008-03-02
2008-03-09
2008-04-06
2008-05-11
2008-05-18
2008-05-25
2008-06-08
2008-06-22
2008-07-13
2008-07-20
2008-07-27
2008-08-03
2008-08-10
2008-08-17
2008-08-24
2008-08-31
2008-09-07
2008-09-14
2008-09-28
2008-10-05
2008-10-12
2008-10-26
2008-11-09
2008-11-16
2009-01-04
2009-01-11
2009-01-18
2009-01-25
2009-02-01
2009-02-08
2009-02-15
2009-02-22
2009-03-01
2009-03-08
2009-03-15
2009-03-22
2009-03-29
2009-04-12
2009-04-19
2009-05-10
2009-11-08
2009-11-15
2009-11-22
2009-12-06
2009-12-13
2010-01-10
2010-04-04
2010-04-11
2010-04-18
2010-05-23
2010-05-30
2010-06-06
2010-06-20
2010-10-10
2010-10-17
2010-11-07
2010-11-21
2010-11-28
2011-02-06
2011-02-27
2011-03-06
2011-03-20
2011-07-17
2011-09-04
2011-09-25
2011-12-18
2014-02-09
2014-02-16
2014-02-23
2014-03-02
2014-03-09
2014-03-16


sábado, maio 26, 2007

Recuperação de Criminosos em Presídios-Modelo

Recuperação de Criminosos em Presídios-Modelo

Centro de Detenção - Santa Luzia/MG
Vista do pátio destinado aos detentos que cumprem
pena em regime fechado no Centro de Detenção em
Santa Luzia, MG.
Não foi à toa que houve a rebelião de presidiários comandada pelo PCC em São Paulo: 137 mil presos, ou 42% dos presidiários no Brasil estão no Estado de São Paulo, segundo uma pesquisa de 2005, e a taxa média de crescimento da população carcerária era de 2% ao ano.

Acredita-se que as prisões não recuperam e muito menos preparam os detentos para se reintegrar à sociedade. Ao contrário, os tornam mais violentos e perigosos devido ao ambiente pernicioso, tanto pela corrupção quanto pela mistura de infratores primários com bandidos de alta periculosidade.

Segundo o pesquisador e agente penitenciário Paulo César Argolo, autor da monografia "A população presidiária de Salvador e os movimentos de migração interna: o exemplo da Penitenciária Lemos Brito", 36% dos presos acham que a prisão não os prepara para uma vida sem crime, 70,6% declaram que existe corrupção no sistema carcerário e 70% afirmam que a prisão é escola para novos crimes. Quanto ao que pode ajudar na sua reintegração à sociedade, 33% dos presidiários acreditam em cursos profissionalizantes e 16%, em transformar a penitenciária em presídio-indústria.

Em 1974, um criminologista de Nova York chamado Robert Martinson publicou seu estudo intitulado "What Works, Questions and Answers About Prison Reform". A reabilitação foi vista como um objetivo durante a maior parte do século 20, mas com o aumento das taxas de criminalidade e da população carcerária, houve uma crescente desilusão com os programas de reabilitação. Martinson estudou 231 desses programas e concluiu que nenhum deles funcionava. Essa doutrina ficou conhecida como doutrina do "nada funciona", e, aparentemente, Martinson levou sua doutrina até o fim, se suicidando na frente de seu próprio filho em 1980.

Mas em 1972, um grupo de 15 voluntários cristãos liderados pelo advogado Mário Ottoboni teve a iniciativa de evangelizar os detentos do presídio Humaitá em São José dos Campos, criando a Pastoral Penitenciária. Mais tarde, em 1974, o presídio estava sob ameaça de ser fechado, mas aqueles voluntários criaram a ONG Associação de Proteção e Assistência aos Condenados, que assumiu a gerência do presídio Humaitá por determinação do juiz Dr. Sílvio Marques Neto. O estado ficou incumbido apenas das despesas de alimentação, eletricidade e água.

A experiência do presídio Humaitá inspirou uma série de iniciativas similares pelo mundo afora. Em 1995, o procurador geral do Texas, Carol Vance, visitou o presídio e ficou chocado com o que viu - "Parecia algo saído do Livro de Atos dos Apóstolos, uma comunidade Cristã onde os detentos ministravam e trabalhavam uns para os outros, tomando conta uns dos outros e lidando com problemas reais e orando por soluções juntos."

Vance então convenceu o então governador George W. Bush a iniciar um programa experimental. Em 1999, ele aprovou a primeira prisão conveniada com a APAC no Texas. Dos 80 prisioneiros aprovados para participar no programa APAC, apenas 3 reincidiram em crime - o que significa menos de 5%, em contraste com a média americana de cerca de 50%. Os estados de Minnesota, Iowa e Kansas também estabeleceram prisões no sistema APAC e mais 20 outros estados estão considerando a possibilidade.

Mário Ottoboni
Advogado Mário Ottoboni na
cadeia modelo de São José
dos Campos, SP.
Segundo a APAC, os índices de reincidência no crime são menos de 5% dos presidiários, em contraste com a média brasileira de 75%. O sociólogo Byron Johnson, da Baylor University, fez uma pesquisa independente em 4 prisões de Nova York, e concluiu que os detentos que frequentaram pelo menos 10 sessões de estudo bíblico tinham probabilidade 66% menor de cometer crimes após cumprirem sua pena.

Em 1993, num esforço em resgatar o ambiente corrupto e violento do presídio de Bragança Paulista, o juiz e secretário da Administração Penitenciária de São Paulo, Dr. Nagashi Furukawa, propôs um plano de formar uma entidade sem fins lucrativos para transformar a prisão em um lugar mais humano, limpo e auto-sustentável. O resultado foi uma parceria da APAC e o estado na qual empresas contratam o presídio para mão-de-obra sem encargos trabalhistas (apenas 11% de INSS) e os detentos têm parte de seu salário retido para os cofres da entidade.

Byron Johnson estudou as duas prisões rastreando 148 ex-detentos de Humaitá e 247 de Bragança que foram libertos de 1996 a 1999, para ver quantos deles retornariam à prisão por reincidência no crime. Em geral, os ex-detentos de Humaitá tinham cometido crimes mais graves e passaram mais tempo presos que os de Bragança. Jonhson concluiu que ambos os presídios reduziram a reincidência com sucesso, mas os ex-detentos da Humaitá, que fora "saturada" com ensino religioso, tiveram um índice de reincidência de apenas 16%, e para os de Bragança o índice era significativamente maior.

Como o grau de reincidência na criminalidade fora reduzido em Bragança, o governo quer expandir o sistema penitenciário usando-a como modelo. Hoje já existem cerca de 21 Centros de Ressocialização em São Paulo. Em Itaúna, Minas Gerais, com resultados excelentes, a APAC conseguiu administrar os 3 regimes de cumprimento de penas - fechado, semi-aberto e aberto - sem o concurso da Polícia. Hoje há 10 centros em Minas Gerais. Em Vitória da Conquista, experiência similar está sendo feita no Presídio Regional Advogado Nilton Gonçalves, onde os presos trabalham numa horta e vendem os legumes numa feira da cidade acompanhados por um segurança. Ainda não houveram fugas.

Em 2002, o Centro de Ressocialização de Limeira foi inaugurado a um custo de cerca de R$ 3,7 milhões seguindo a linha adotada no presídio de Bragança: o centro é mantido por uma ONG e o estado e tem capacidade para 210 presos. Os presos prestam serviço à 5 empresas da área de embalagem e papelão, construção civil e metalurgia. Os presos têm boa alimentação, atividades educacionais, remuneração - por lei, eles recebem 3/4 do salário mínimo e o resto vai para cobrir despesas - e redução da pena em 1/3 do período trabalhado.

Contudo, nesses últimos 5 anos houveram algumas fugas e apreensões de drogas e armas de fogo no local. O tráfico de entorpecentes é a atividade mais recorrente. A ONG responsável, sob suspeita de irregularidade, foi descredenciada há mais de um ano. Como ninguém arca com as despesas de transporte, 30 detentos do regime semi-aberto (de um total de 69) vão para o local de trabalho de bicicleta sem monitoramento.

Detentos orando antes da aula
Um grupo de detentos faz uma oração antes de
começar a aula.
Um ministério cristão nos presídios americanos que conta com o apoio do presidente Bush - a InnerChange Freedom Initiative - também foi influenciado pela APAC, e vem exercendo uma influência dramática nos últimos 10 anos, se tornando o modelo até para programas similares não-denominacionais promovidos pela empresa prestadora de serviços Corrections Corporation of America e pelo Bureau of Prisons federal. De acordo com um estudo da Universidade da Pennsylvania, apenas 8% dos detentos graduados no programa InnerChange reincidem em crime no período de 3 anos após o cumprimento da pena.

Byron Johnson também estudou a performance do InnerChange em Houston, focalizando em 177 detentos que foram soltos antes de setembro de 2000 e acompanhando-os até 2 anos depois. O grupo foi comparado com 1754 outros detentos que cumpriam o critério de seleção mas não participaram do programa. Dos 177 detentos, apenas 75 completaram todas as etapas do programa de 16 meses, mas destes, apenas 8% foram re-incarcerados no período de 2 anos, em contraste com 20% do grupo de controle. Além do período de 2 anos, apenas 17% dos graduados foram re-encarcerados, em contraste com 35% do grupo de controle.

Entretanto, esses resultados não foram todos positivos. Quando se considerou todos os participantes, incluindo os que não completaram o programa ou desistiram, 36% deles foram apreendidos novamente, comparados com 35% do grupo de controle. Johnson observou que é possível que exista um ponto de decréscimo nos resultados depois de certo tempo num programa tão intensivo como esse. Seu estudo, não obstante, confirma que se os detentos completarem todas as fases do programa, eles provavelmente jamais voltarão a reincidir no crime.

John DiIulio, o primeiro diretor das iniciativas religiosas do governo Bush, admite que os resultados foram menos que satisfatórios mas observa que um único estudo quase nunca é suficiente para dar uma resposta categórica de sim ou não a respeito de um conceito como esse.

Apesar do sucesso aparente, essas iniciativas religiosas têm sido alvos de disputas legais por organizações de esquerda e pela oposição anti-Bush sob a alegação de violar a separação entre Igreja e Estado e sectarismo - o InnerChange é protestante. Em 2006, um juiz federal em Iowa, o único estado que financiou o InnerChange em US$ 1,5 milhão, decidiu que o programa era "pervasivamente séctario" pois alguns dos detentos que desistiram do programa eram católicos, muçulmanos e judeus e alegaram que ficaram ofendidos com certas pregações. Se essa decisão for confirmada em segunda instância, poderá fechar as portas para o InnerChange.

Os representantes da InnerChange alegam que o programa é bem flexível e que, citando o Texas como exemplo, não é exigida a frequência dos detentos nos cultos e que um padre católico pode ser convocado e tapetes para oração são fornecidos aos detentos muçulmanos, inclusive, tendo um detento muçulmano completado a graduação.

Segundo Mark Earley, presidente da Prison Fellowship, "as pessoas têm de entender que temos 155 mil pessoas encarceradas no Texas e que eventualmente elas serão liberadas. Então, o que vamos fazer com elas no período em que estão encarceradas, antes de retornarem às nossas comunidades? Podemos não fazer absolutamente nada mas também podemos fazer algo para ajudar."

Fontes e links de interesse sobre o assunto:
http://www.piratininga.org.br/2006/87-faerman.html
http://www.dallasobserver.com/2007-04-26/news/jesus-in-the-jailhouse/full
http://www.gazetadelimeira.com.br/site/index.php?mod=noticias%2Fexibe_noticia.php%3Fcodigo%3D35152
http://www.aggio.jor.br/junho2003/reformapenit.htm
http://www.piratininga.org.br/2006/87-faerman.html
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas_sesc/pb/artigo.cfm?Edicao_Id=26&Artigo_ID=58&IDCategoria=332&reftype=1
http://www.ajufe.org.br/sites/700/785/00000340.doc
http://inovando.fgvsp.br/conteudo/documentos/20experiencias2005/6cidadania_no_carcere.pdf
http://www.mp.ba.gov.br/atuacao/cidadania/programas/estadual/direitos/cidadaos.asp
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7651
http://www.opinionjournal.com/columnists/others/?id=85000575
http://ospiti.peacelink.it/zumbi/news/semfro/257/sf257p17.html
http://www.txcorrections.org/article.pdf
http://www.religionlink.org/tip_040105c.php
http://www.restorativejustice.org/editions/2001/November01/APAC
http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/arquitetura689.asp

O advogado ítalo-brasileiro, Mário Ottoboni, é autor de mais de 15 livros sobre questões penitenciárias e de testemunhos de fé cristã, dentre eles: "Ninguém é Irrecuperável" e "Kill The Criminal, Save The Person".

Marcadores: , , , , ,



postado por Fernando às      
                0 Comentários

Onde comprar livros:
Submarino  Livraria Cultura







sexta-feira, maio 25, 2007

A "Ressignificação da Memória" - o revisionismo da Balaiada

A "Ressignificação da Memória" é quando um evento histórico que foi interpretado de uma maneira passa a ser interpretado de outra maneira para justificar uma posição ideológica. O neologismo "ressignificar" é muito usado pela Esquerda acadêmica pós-modernista e ainda não consta sequer nos dicionários mais recentes, mas na linguagem da Programação Neurolinguística essa palavra denota o ato de uma pessoa atribuir um significado favorável e satisfatório para um acontecimento que a incomoda ou prejudica a fim de não mais se sentir incomodada ou prejudicada.

Exemplo:

No Maranhão de 1838, a Balaiada foi uma rebelião cujo estopim foi a detenção do irmão de Raimundo Gomes sob acusação de assassinato. Raimundo Gomes era vaqueiro da fazenda do padre Inácio Mendes (liberal) e seu irmão fora preso por determinação do sub-prefeito José Egito (conservador). Com a cooperação da própria Guarda Nacional, Raimundo e sua comitiva invadiram a cadeia e libertaram seu irmão e todos os demais presos.

A amotinação continuou pelo interior do Maranhão e Raimundo teve como aliados vários desertores das forças armadas, o ex-escravo (alforriado) Cosme Bento - que fora condenado à prisão por assassinato e que, depois de fugir, chefiou 3 mil africanos entre escravos e foragidos - e o fabricante de balaios Manuel Francisco dos Anjos Ferreira.

Entretanto, conforme o artigo "Balaiada: construção da memória histórica", de Maria de Lourdes Monaco Janotti

Demonstrando atitude extremamente conservadora, o Índice História Militar do Brasil transcreve trecho do livro O Exército na História do Brasil:
A Balaiada foi um movimento subversivo irrompido em uma pequena vila maranhense que se alastrou por toda Província e ameaçou as regiões vizinhas. Recebeu o nome de Balaiada em referência a um de seus líderes, um fabricante de balaios Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, apelidado Balaio. Era um típico representante do Nordeste, homem resistente, de tez morena e cabeça achatada.
Se a separação maranhense tivesse se consumado, causaria grande transtorno em nossa configuração territorial, afetando a integridade nacional (p.1).
Raimundo Gomes tornou-se um perigo para a ordem pública, já que era chefe de uma revolta sem ideal, sem bandeira, e sem outros objetivos senão o saque e a obtenção de vantagens pessoais. "O colorido político era aí mero pretexto para demonstrações do mais desenfreado banditismo sertanejo", escreveu Hélio Vianna. (p.2).


Em seguida, a autora descreve como a Balaiada foi "ressignificada" na Internet nas páginas do PCB, do PT, de alguns deputados, do movimento racial negro, da Pastoral da Terra e até de alguns movimentos pentecostais.

O professor e historiador Hélio Vianna, cuja citação no texto de "O Exército na História do Brasil" mereceu da autora o comentário sobre sua "atitude extremamente conservadora", foi o primeiro catedrático da Faculdade Nacional de Filosofia e autor de inúmeros livros de história do Brasil.

Um episódio pitoresco de Hélio Vianna foi contado pelo frei Betto, seu aluno. A turma queria pregar uma peça no professor, que era pontual e rigoroso, sempre chegando e encerrando a aula na hora certa. Então, um dia, os alunos levaram um burro de carga para a sala de aula, deixando-o sozinho no meio das cadeiras e indo se esconder fora da sala. O professor Hélio Vianna chegou e, impassível, permaneceu na sala durante os 40 minutos, para a decepção geral dos alunos. Na aula seguinte, o professor disse à turma: "Prossigamos. Hoje avançaremos ao passo posterior ao ponto que discutimos na última aula. Quem não tiver a matéria da aula passada pode pedir ajuda ao burro..."


Obviamenete a balaiada foi uma ameaça à integridade nacional e, portanto, subversiva. Se não fosse ter sido debelada por Caxias, o Brasil estaria hoje desfalcado do Maranhão, que se tornaria mais uma Guiana, a República Bem-Te-Vi.

Hélio Vianna teve toda a razão em dizer que o colorido político na balaiada era apenas pretexto para o banditismo. No livro "Balaios e Bem-Te-Vis: a Guerrilha Sertaneja", de Claudete Dias, consta que os liberais quiseram organizar a bandidagem sob a forma do "Exército Bem-Te-Vi" e tentaram proibir o roubo e não deu certo.

Um dos líderes da balaiada - Cosme Bento das Chagas - se intitulava "Imperador, Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-vis" e vendia títulos e honrarias a seus seguidores. Hoje em dia querem "ressignificá-lo" como um campeão da igualdade.

Segundo o historiador marxista Caio Prado Júnior - que chegou até a viajar para a União Soviética de Stálin para depois escrever um livro de propaganda soviética - a balaiada foi um exemplo de rivalidade entre os liberais da classe média urbana e os fazendeiros aristocratas conservadores. No próximo passo o discurso foi transformado para "exemplo de revolta dos oprimidos" pela legião de historiadores marxistas seguindo a tradição inaugurada por Caio Prado Jr.

Eis aí a tal "ressignificação da memória". O conflito da balaiada, de mera rebelião de certos bandos liderados por bandidos cada qual disputando a autoridade constituída em busca de seus seus próprios interesses, foi transformado em luta de classes. Um movimento sem unidade, que ainda antes da campanha do Ten.-Cel. Luis Alves de Lima e Silva já estava enfraquecido com as divergências entre seus chefes e as lideranças liberais, foi "ressignificado" para item de ideologia marxista.

***


Assim, ao ver, por exemplo, um título de tese tão Sokaliano como "A Ressignificação da Interdisciplinaridade no Contexto Pedagógico Reflexivo e Interativo na Educação Básica", não precisa mais se assustar.

Marcadores: , , ,



postado por Fernando às      
                0 Comentários

Onde comprar livros:
Submarino  Livraria Cultura







quarta-feira, maio 23, 2007

Pensando em Pornografia

Esse artigo foi da época do funk do Tigrão - parecia que a sociedade brasileira não tinha chegado tão baixo e rasteiro até então. Época em que o pessoal novato em internet ainda ficava enviando emails com fotos da Playboy, piadinhas e outros artefatos pornográficos.

A Pornografia não corrompe, ela é a própria corrupção.
[Trechos do artigo de Roger Scruton]


ALGUNS de nós ainda nos lembramos com nostalgia do início dos anos 60, quando as pessoas ainda tinham noção da diferença entre pornografia e arte erótica, e quando livros e filmes eróticos só passavam pela censura se alguém pudesse provar seu valor artístico. Tudo mudou muito rapidamente, de acordo com o poeta Philip Larkin:

"O intercurso sexual começou
em mil novecentos e sessenta e três.
Entre o fim do banimento de Chatterley
E o primeiro LP dos Beatles."

Mas ainda, mesmo que hábitos permissivos tenham se espalhado rapidamente pela sociedade, quebrando tabus e uniões conjugais, as pessoas ainda tinham sensibilidade para distinguir entre arte e pornografia, e não havia objeções às leis que proibiam imagens de sexo explícito.

Como muitas distinções intuitivamente óbvias, a diferença que existe entre o erótico e a pornografia não é fácil de explicar. Se diz que a pornografia é obscena, enquanto a arte erótica é meramente sugestiva. Mas o que é obscenidade ? O teste mais antigo definido pelo Ato de Publicações Obscenas de 1959 e 1964 (EUA) diz que alguma obra é obscena se tende a depravar e corromper aqueles que a virem.

Mas esse teste é questionável, já que procura a obscenidade apenas nos efeitos de uma obra e não na obra em si. Mais do que isso, os júris não são nada competentes para prever os efeitos de se assistir um filme ou ler uma novela, e são facilimente convencidos por aqueles que apresentam a pornografia como uma "válvula de escape" saudável para sentimentos que poderiam explodir de maneiras mais perigosas.

O fato é que o desejo de assistir cenas explícitas de cobiça carnal é em si depravado. Não é que os filmes explícitos tenham tendência de corromper: eles são a própria corrupção. Na esfera sexual, essa corrupção consiste na exibição do apetite sexual separado dos relacionamentos que o redimem.

Justificar vídeos pornográficos alegando que eles não tornam as pessoas piores é como justificar o combate entre gladiadores alegando que ele não transforma as pessoas em assassinos. O que estava errado no circo romano é precisamente que ele incentivava as pessoas a assistí-lo. O mesmo acontece com a pornografia.

Um trabalho de arte erótica como o 'Maja Desnuda' de Goya não é obsceno. O modelo de Goya não é exibido como um corpo feminino oferecendo seus favores em um estado de desejo impessoal. Ela é mostrada como uma pessoa, que poderia oferecer seus favores, mas que deve ser abordada com o devido respeito. Imaginar seus abraços é também imaginar seu amor. Não há nada indecente ou doentio nisso, nada demais do que imaginar o amor entre Romeu e Julieta.

O propósito da arte erótica não é aumentar o desejo impessoal, mas nos levar a simpatizar com uma paixão sexual que é direcionada de uma pessoa para a outra, e que é redimida pelo relacionamento que existe entre elas. Claro que se você pensar que nos relacionamentos sexuais nada existe além do prazer, e que tudo que acontece entre dois adultos é moralmente aceitável, então não vai enxergar nada de errado com a pornografia.

E se você pensa dessa maneira, vai ficar difícil entender o valor enorme que as pessoas dão ao amor sexual, o papel central que ele desempenha em nossas vidas, ou o medo e alarme com que se vê sua profanação. Vai deixar de entender os tormentos do ciúme, a alegria do amor retribuído, ou os sacrifícios feitos por pura fidelidade.

Vai ficar difícil explicar o porquê do estupro ser um crime mais sério do que o roubo, o porquê da pedofilia ser perversa, o porquê do assédio sexual ser mais do que um incômodo e o porquê da prostituição ser degradante. Não vai ver o fato crucial do sexo: que ele não é apenas uma função animal mas uma escolha existencial, que envolve liberdade, personalidade e ideais morais para aquele que o pratica.

Nós gostaríamos que as crianças fossem protegidas da obscenidade e da cobiça dos adultos porque acreditamos que elas não estão prontas para o sexo - mesmo quando já são capazes de praticá-lo. Esse conceito de "estar pronto" demonstra que nós não aceitamos a visão que a indústria da pornografia quer nos impingir, de que o sexo não é algo mais sério do que fazer cócegas.

Ao contrário, nós sabemos que o sexo é a coisa mais séria que fazemos, uma coisa que pesa muito nas emoções. O sexo prematuro é um sexo imaturo; e sexo imaturo é o que a pornografia oferece - sexo sem o comedimento do amor adulto. E uma vez que as pessoas contraem o hábito do sexo imaturo, elas ficam imaturas. Nessas pessoas, a capacidade de amar é sacrificada, e com ela, a esperança de um consolo duradouro e verdadeiro.

Quando o sexo é desmoralizado - como é feito na pornografia - ele cessa de ser uma força interpessoal em volta da qual nossas vidas se congregam. As pessoas que experimentam o sexo dessa maneira, portanto, ficam à deriva, de um relacionamento para o outro, ao mesmo tempo que continuam intimamente solitárias.

E você só pode fazer isso, é claro, apenas se for sexualmente atraente. Para a maioria dos viciados em pornografia, as cenas que ela exibe são substitutos das aventuras sexuais, e causa neles uma fantasia masturbatória, sendo que a fonte mais importante de sentimento generoso é voltada para o próprio indivíduo e se atrofia.

Nós não devemos fingir que a liberação sexual dos anos 60 não aconteceu. No entanto, há uma linha divisória entre tolerância e indecência, e que deve ser traçada claramente e defendida legalmente. Nos EUA, a pornografia é protegida por lei, como uma liberdade constitucional. O resultado é que temos uma cultura na qual a licença e o litígio sexual florecem lado a lado.

Mulheres suspeitam cada vez mais dos homens e ficam dispostas a processá-los em juízo ao menor vislumbre de abuso e assédio. Quando os homens começam a ver o sexo do jeito que a pornografia encoraja, as mulheres ficam sem sua arma mais importante: elas não podem mais se caracterizar como um ser precioso, já que sua sexualidade foi roubada e exibida na tela e no papel, como uma mercadoria impessoal.

Essa redução da sexualidade para um produto de consumo coloca em risco muitas das coisas que dão a uma mulher a confiança em seus sentimentos sexuais: amor, compromisso, casamento e um pai responsável para seus filhos. A fúria do feminismo norte-americano transparece um consciência de que a sexualidade feminina foi subtraída de seu objetivo natural e realização social.

O resultado disso, como qualquer um que passou por uma universidade sabe, foi o colapso de confiança entre os sexos. Jovens são ensinadas que o sexo não é diferente do chocolate ou da maconha: uma forma de lazer rápido que é aceitável se o seu metabolismo agüentar.

Ao mesmo tempo, elas aprendem que os homens são todos "estupradores", e que ele não têm disposição de receber a mulher como um ser querido, já que podem obter seus favores à força ou por enganação. O ódio resultante aos homens é também um medo deles - mais que tudo, um medo de da atitude de desmerecimento da sexualidade feminina, que transforma qualquer mulher em uma espécie de máquina hidráulica e que assume um "direito" de posse sem o dever de tratar carinhosamente.

E certamente não é por acaso que o aumento da pornografia coincide com o alarme da população contra a pedofilia. Ambas são ataques à inocência. Ambas causam a demolição do processo pelo qual o sentimento sexual se acumula até ser liberado como amor.

Ambas substituem o desejo erótico - o desejo pelo outro como um indivíduo - e põe em troca uma "cócegas" generalizada. A pornografia e a pedofilia são formas de desmoralização do ato sexual. De fato, a pornografia é a maneira mais efetiva de recrutar crianças para o mundo da cobiça, e é parte do repertório padrão dos pedófilos.

Ao mesmo tempo, a tirania da visão liberal do mundo é tamanha, que as pessoas ficam relutantes em dizer que a pornografia é danosa aos adultos da mesma maneira a pedofilia é danosa às crianças. Tendo chegado tão longe no caminho da tolerância, as pessoas pensam: como resistir ao próximo estágio?

O que as pessoas devem reconhecer, contudo, é que a pornografia é em si um problema. Deveríamos deplorar que as pessoas sejam encorajadas a assistir sexo como um mero espectador de esportes, sem nenhum envolvimento para os participantes.

FONTE: The Sunday Telegraph (jornal britânico) 21/maio/2000

Marcadores: , , , , , , , , , ,



postado por Fernando às      
                0 Comentários

Onde comprar livros:
Submarino  Livraria Cultura







O Humor Politicamente Incorreto de Adolar Gangorra

A Entidade Folclórica Brasileira Afro-Descendente e Portadora de Necessidades Especiais - O Saci-Pererê

Análise crítica do Politicamente Correto na letra de "Eduardo e Mônica"

P.I.M.B.A. - Pseudo Intelectual Metido a Besta Associado
- Segundo uma definição de um membro da espécie: “Nós procuramos revisitar um conceito pós-moderno a nível de releitura do belo e do viés do processo neoclássico do ser humano, enquanto ser e enquanto humano, em um olhar kantiano da poética existencialista fake e engajada tupiniquim”.


Como me f... no show do Loser Manos

Marcadores: ,



postado por Fernando às      
                0 Comentários

Onde comprar livros:
Submarino  Livraria Cultura







terça-feira, maio 22, 2007

Vídeo engraçado - a voracidade do governo e os impostos



David Zucker é um produtor de cinema em Hollywood que produziu uma série de anúncios políticos para serem veiculados no YouTube durante as eleições de 2006.

Marcadores: , , , , , , , , , ,



postado por Fernando às      
                0 Comentários

Onde comprar livros:
Submarino  Livraria Cultura







Voltar a Pensadores Brasileiros